Longevidade

Medicação na população idosa: projeto europeu trabalha para a prevenção de efeitos adversos

Medicação na população idosa: projeto europeu trabalha para a prevenção de efeitos adversos
Eva-Katalin

Consórcio de seis organizações de Portugal, Espanha e França procura prevenir a iatrogenia associada aos cuidados de saúde e à medicação nos mais velhos. Primeira fase da iniciativa – com financiamento europeu de 1,7 milhões de euros – estará concluída até ao final do ano

À medida que a idade avança, aumenta muitas vezes o número de medicamentos que se toma. Cresce, ao mesmo tempo, o risco de iatrogenia medicamentosa – efeitos adversos causados pela administração de um ou mais medicamentos. Um projeto que reúne Portugal, Espanha e França está a trabalhar para a prevenir na população mais velha e combater a associada perda de autonomia.

Liderado pelo Centro Hospitalar Universitário de Toulouse, o Stop-IATRO está organizado em várias fases até ao final de 2026. A primeira, a concluir até ao final do ano, centra-se no “levantamento de boas práticas” nos três países, explica ao Expresso a professora e investigadora que coordena a iniciativa no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), Fátima Roque. Entrevistas, questionários e workshops com profissionais de saúde procuram identificar bons exemplos e barreiras existentes.

Segue-se a preparação de “ações de formação e sensibilização” dirigidas a profissionais de saúde sobre a prevenção da dependência iatrogénica e a otimização da prescrição e a idosos sobre a utilização correta dos medicamentos. Está depois prevista a implementação de “ações-piloto” em cada país, nos serviços hospitalares e em ambulatório, assim como junto de seniores, para a prevenção da iatrogenia. O objetivo é chegar a estratégias que resultem na “otimização dos cuidados de saúde”, criando soluções inovadoras.

O uso de medicamentos por idosos está associado a alguns desafios, desde logo porque grande parte dos ensaios clínicos não envolvem a população acima dos 65 anos, mas também porque o envelhecimento traz alterações biológicas que modificam a reação do corpo aos fármacos. “A questão da polimedicação faz com que também haja um maior risco de interações entre os diferentes medicamentos que estão a utilizar”, aponta Fátima Roque.

Como resultado, o surgimento de complicações e reações adversas traduz-se em mais internamentos e custos, menor qualidade de vida e maior dependência dos mais velhos, consequências que o projeto – cofinanciado em 1,7 milhões de euros pelo Programa Interreg Sudoe através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – tenta evitar.

Além do IPG e do Centro Hospitalar Universitário de Toulouse, integram o Stop-IATRO a Universidade de Aveiro, o Centro Hospitalar Universitário de Limoges, a Fundação Saúde Envelhecimento da Universidade Autónoma de Barcelona e o Instituto de Investigação Biomédica de Málaga. Em Portugal, são ainda parceiras as Unidades Locais de Saúde da Guarda e da região de Aveiro, a Associação Nacional de Farmácias, a Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde e a Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia.

Lançado em 2022, Longevidade é um projeto do Expresso – com o apoio da Novartis – com a ambição de olhar para as políticas públicas na longevidade, discutindo os nossos comportamentos individuais e sociais com um objetivo: podermos todos viver melhor e por mais tempo. Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: scbaptista@impresa.pt

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