Longevidade

Resiliência, literacia, saúde, emprego, civismo e igualdade: os seis princípios da longevidade definidos pelo Fórum Económico Mundial

Resiliência, literacia, saúde, emprego, civismo e igualdade: os seis princípios da longevidade definidos pelo Fórum Económico Mundial
Dean Mitchell

Após a reunião de Davos foi criado um documento que define as prioridades para um melhor envelhecimento global

Resiliência, literacia, saúde, emprego, civismo e igualdade: os seis princípios da longevidade definidos pelo Fórum Económico Mundial

André Rito

Jornalista

“O mundo de hoje é marcado por transformações e disrupções sem precedentes. Mas há uma tendência que se mantém constante e inevitável: o envelhecimento global da população.” É com esta frase que a líder do Fórum Económico Mundial para a longevidade, Haleh Nazeri, começa o relatório das conclusões da reunião de Davos sobre a transição demográfica.

O documento defende que os números devem ser um alerta para a sociedade civil, governos e empresas. Se, em 2020, a população mundial com mais de 65 anos rondava os mil milhões de pessoas, estima-se que, em 2050, este valor possa mais do que duplicar para os 2,1 mil milhões.

Múltiplos fatores podem explicar a estatística, sendo a conjugação das baixas taxas de natalidade com o aumento da esperança média de vida os principais responsáveis pelo envelhecimento global da população. Neste contexto, o Fórum Económico Mundial definiu seis princípios da economia da longevidade, para promover a discussão sobre o assunto e sensibilizar decisores políticos e empresários para a sua importância.

1. Garantir a resiliência financeira nos momentos chave da vida

Quase 40% dos cidadãos em todo o mundo enfrentam instabilidade financeira após situações não planeadas, sejam interrupções na carreira, doença ou reforma inesperada.

2. Acesso universal à literacia financeira

Apenas 33% da população mundial é considerada financeiramente instruída, o que contribui para um agravamento das desigualdades de riqueza, fortemente relacionadas com as desigualdades na esperança média de vida. A educação financeira abrangente e imparcial capacita indivíduos para tomarem decisões financeiras informadas.

3. Priorizar o envelhecimento saudável como base para a economia da longevidade

Estima-se que cerca de um quinto da vida seja vivida com doenças, e 80% dos adultos nos países em desenvolvimento estão preocupados com o custo das despesas médicas. O acesso equitativo aos serviços de saúde pode facilitar o bem-estar tanto do indivíduo como da sociedade em geral.

4. Desenvolver empregos e competências ao longo da vida para uma força de trabalho multigeracional

Internacionalmente, até 25% dos indivíduos com 55 anos ou mais desejam trabalhar na velhice, mas enfrentam barreiras na procura de oportunidades. As mudanças demográficas e as inovações tecnológicas exigem empregos e capacitação dos mais velhos, de modo a adaptarem-se e evoluírem em contexto laboral. Tal permitiria o prolongamento dos seus anos de trabalho.

5. Projetar sistemas e ambientes para maior participação social e propósito

A participação social é decisiva para uma longevidade saudável. Idosos socialmente isolados apresentam maior risco de problemas de saúde e morte precoce. Desenvolver sistemas e ambientes que favoreçam a conexão social pode mitigar esses impactos.

6. Abordar as desigualdades de idade, incluindo entre género, nacionalidade e classe social

Abordar intencionalmente as desigualdades de longevidade, incluindo entre género, raça e classe. Os benefícios da longevidade não são distribuídos equitativamente. Defesa da equidade salarial e das pensões, bem como apoio aos cuidadores informais, são alguns dos elementos cruciais para garantir que a segurança financeira e os benefícios da longevidade podem ser mais acessíveis a todos.

Estes princípios, defende o Fórum Económico Mundial no mesmo documento, são um ponto de partida para enfrentar os desafios mais prementes da sociedade na economia da longevidade. Contemplam desde a resiliência financeira até uma vida longa e saudável, tendo sido projetados por um consórcio multisetorial de líderes do setor financeiro, da indústria da saúde, da academia e do governo.

Ana Sepúlveda, especialista em longevidade e Managing Partner da 40+ Lab, considera este relatório “uma chamada de atenção para que os países encarem o facto das sociedades viverem mais tempo e percebam que é preciso lidar com esta realidade, em toda a sua complexidade.” Ao mesmo tempo, destaca a abordagem público-privada na procura de soluções, assim como a importância do acesso à habitação, sobretudo na aquisição ao invés do arrendamento. “A transversalidade da longevidade implica uma junção de esforços, visão e de propósitos.”

Lançado em 2022, Longevidade é um projeto do Expresso – com o apoio da Novartis – com a ambição de olhar para as políticas públicas na longevidade, discutindo os nossos comportamentos individuais e sociais com um objetivo: podermos todos viver melhor e por mais tempo.

Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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