Longevidade

Praticar exercício físico pode reduzir em 25% o risco de Parkinson nas mulheres

Praticar exercício físico pode reduzir em 25% o risco de Parkinson nas mulheres
Miha & Alja/ Ascent Xmedia

Atividades como caminhar, jardinar ou andar de bicicleta podem contribuir para prevenir ou atrasar o aparecimento da doença de Parkinson. A conclusão é de um estudo que acompanhou mais de 95 mil mulheres durante quase 30 anos, publicado na revista da Academia Americana de Neurologia

Praticar exercício físico regularmente pode reduzir em 25% as hipóteses de uma mulher desenvolver doença de Parkinson, conclui um estudo publicado pela revista científica Neurology. A análise acompanhou 95.354 mulheres francesas nascidas entre 1925 e 1950 a partir de 1990 – com uma idade média de 49 anos.

A equipa de investigação comparou os níveis de exercício físico das mulheres – que no início do estudo não sofriam de Parkinson – ao longo de 29 anos, incluindo atividades como caminhadas, subir escadas, desempenhar tarefas domésticas, fazer jardinagem, andar de bicicleta ou praticar um desporto.

Durante o período analisado, 1074 mulheres desenvolveram Parkinson. Concluiu-se que o aumento da atividade física estava associado a uma redução da incidência da doença em 25%, após o ajustamento de fatores como a existência de outras doenças, a idade da primeira menstruação, a menopausa ou o consumo de tabaco.

Os investigadores também descobriram que, dez anos antes do diagnóstico, a atividade física diminuía a um ritmo mais rápido nas pessoas com Parkinson do que nas que não a tinham, provavelmente devido aos primeiros sintomas da doença.

“Não só descobrimos que as participantes do sexo feminino que praticam mais exercício físico têm uma taxa mais baixa de desenvolvimento da doença de Parkinson, como também mostrámos que é pouco provável que os sintomas precoces da doença expliquem estes resultados e que, em vez disso, o exercício físico é benéfico e pode ajudar a atrasar ou a prevenir esta doença”, afirma um dos autores, Alexis Elbaz, investigador do Inserm (Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale).

Até agora, “poucos estudos” tinham examinado especificamente a relação entre atividade física e Parkinson em mulheres, “possivelmente porque a doença é mais frequente em homens do que em mulheres”, enquanto este trabalho foca-se nesta população e as análises foram “ajustadas para as características da vida reprodutiva”, lê-se no documento.

“Os resultados apoiam a criação de programas de exercício para ajudar a reduzir o risco de doença de Parkinson”, acrescenta Elbaz, no comunicado divulgado pela Academia Americana de Neurologia, a que pertence a revista Neurology.

A doença de Parkinson é uma patologia degenerativa do cérebro que apresenta sintomas motores – como tremores, lentidão de movimentos ou rigidez – e outras complicações, nomeadamente perturbações cognitivas ou do sono, explica a Organização Mundial da Saúde.

A nível global, mais de 8,5 milhões de pessoas sofrem de Parkinson – entre as quais, cerca de 20 mil portugueses – e o risco aumenta com a idade. Esta é a doença neurológica que “mais cresce em termos de prevalência, incapacidade e mortes”, o que torna a prevenção uma “necessidade urgente de saúde pública”, tendo em conta a “ausência de tratamentos curativos”, alerta o estudo.

O trabalho foi apoiado pelo Instituto Gustave Roussy, Liga Francesa Contra o Cancro, Agência Nacional de Investigação Francesa e Mutuelle Générale de l'Education Nationale.

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