Tarde turbulenta para Cristas: tentativa de agressão e desistência de Rui Moreira
Esta mulher tentou agredir Assunção Cristas esta tarde no Porto enquanto gritava impropérios
O dia de Cristas foi atribulado em todas as frentes: não só perdeu a companhia de Rui Moreira, irritado com a notícia que dava nota de um "gesto de apoio" ao CDS, como teve de lidar com uma ameaça física pelas ruas do Porto
A interação acabou por marcar a tarde e abafar o resto da arruada. A comitiva assustou-se quando uma mulher avançou para Assunção Cristas e chegou mesmo a tocar no peito da líder, com gestos ameaçadores. Foi afastada por Fernando Barbosa, número três da lista e líder da distrital do Porto, com um forte empurrão, mas não deixou de gritar impropérios ao grupo do CDS.
A frase:
“O Presidente da Assembleia ficou muito incomodado com o pedido do CDS, mas o CDS fica muito incomodado com o Presidente da Assembleia, que durante quatro anos mostrou várias vezes que está mais preocupado em proteger o PS do que em proteger o Parlamento.” Assunção Cristas em duras críticas a Ferro Rodrigues por causa de Tancos
A personagem:
O ausente-mas-quase-presente Rui Moreira. Durante poucas horas, o presidente da câmara do Porto teve presença prometida para um evento na casa da Música, ao lado de Assunção Cristas - uma informação que foi incluída na agenda oficial da líder do CDS e enviada aos jornalistas. Mas Moreira irritou-se com a notícia do “Público” que dava conta do “gesto de apoio” e declarou que não apoia candidato nenhum, cancelando a sua presença no concerto. Sem ir à campanha, marcou a campanha - pela negativa.
A fotografia:
Cristas esta manhã em visita à fábrica de madeiras JJ Teixeira
Quando Assunção Cristas se sentou numa esplanada da praça da Batalha, no Porto, para tomar um café antes de mais uma arruada, dificilmente imaginaria a tarde complicada que a esperava. O plano era simples: descer as ruas portuenses da Batalha aos Aliados, dar a agenda da tarde por encerrada e, mais tarde, assistir a um espetáculo de jazz na Casa da Música na companhia do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.
À primeira vista, motivo nenhum para problemas. Numa questão de poucas horas tudo se complicou: durante a tarde, não só a presença do autarca do Porto foi cancelada (e com estrondo) como o seu “não apoio” a Cristas foi deixado bem claro; na rua, a líder do CDS foi confrontada com os fantasmas do tempo da troika; e para cúmulo, contou com uma ameaça à sua segurança na rua, quando uma mulher tentou empurrar a líder do CDS, chegando mesmo a tocar-lhe (e sendo afastada com um forte pelo empurrão pelo presidente da distrital do Porto, Fernando Barbosa).
O atraso com que a arruada portuense começou parecia um mau prenúncio. Perto das 17h, militantes, simpatizantes e ‘jotinhas’ reuniam-se no centro da Batalha e impacientavam-se. Passou um quarto de hora, depois meia hora. Nada. Da comitiva, explicações aos jornalistas: afinal, os militantes tinham sido convocados para as 17h30, por um desacerto de agenda. Mas o que é certo é que a comitiva já só partiu em direção à baixa do Porto pelas 18h.
Sensivelmente à mesma hora, rebentava o ‘caso Moreira’. Mas recuemos… pouco: eram quase 16h quando os jornalistas foram avisados pela campanha do CDS de que o autarca do Porto estaria ao lado de Assunção Cristas num concerto de jazz, de noite. Um anúncio que foi interpretado como um apoio político, uma vez que apareceu de surpresa, com uma agenda em princípio já fechada e a apenas quatro dias de eleições. Entretanto, Rui Moreira esclareceu que não apoiava o CDS.
Com a nota sobre este “gesto com significado político” publicada no site do “Público”, Moreira recorreu ao Facebook para desmentir que a ação tivesse esse significado - e acabou por declarar que não apoia Cristas nem qualquer outro candidato: “Para que fique claro: nunca fui filiado em qualquer partido; nunca apoiei candidaturas às legislativas; não vou declarar qualquer apoio nestas legislativas. Qualquer notícia, que já hoje li, diferente disto, não corresponde à verdade”. Mais: acabou mesmo por cancelar a ida à Casa da Música, onde Cristas já só estará com o marido, Cecília Meireles (cabeça de lista pelo Porto) e alguns elementos da campanha.
Mas o caso Moreira foi-se desenrolando enquanto a comitiva avançava pelas ruas do Porto fora. Ladeada por Cecília Meireles, Francisco Rodrigues dos Santos (líder da JP e número dois pela lista) e Fernando Barbosa (número três), Cristas começou expedita a entregar panfletos enquanto, pela primeira vez nesta campanha, se ouviam os gritos e cânticos dos ‘jotas’ e o ritmo dos bombos a soar - até agora, a ordem era para imperar o silêncio nas ruas e permitir que a líder “conversasse” com as pessoas.
Apesar da demonstração da força que se pretendia dar, a tarde teve alguns maus encontros: lembranças (gritadas) das memórias da troika, perguntas inconvenientes (“a senhora vai-nos tirar a reforma, como no tempo do Passos Coelho?”), acusações lançadas ao ar (“roubaram-me os feriados, roubaram-me tudo! O Costa é o maior”), misturadas com os costumeiros beijos e abraços.
O pior momento da tarde deu-se quando uma mulher avançou para Cristas, com acusações sobre “ladrões”, visivelmente irritada. Diante da líder, chegou mesmo a tornar-se uma ameaça, tocando-lhe no peito e tentando empurrá-la. A reação partiu de Barbosa e foi rápida: com um forte empurrão afastou a mulher (que continuou a gritar impropérios e a bater, como podia, em quem tinha à frente) da comitiva e do passeio.
A tarde acabou assim com um sabor amargo para a comitiva centrista, que dispersou por entre sorrisos amarelos no fim de uma sessão de cânticos dos ‘jotas’. Música só mais tarde, mas já sem a companhia de Rui Moreira e sem declarações aos jornalistas.