Legislativas 2019

Se não tens obra para inaugurar, visita estaleiros

Se não tens obra para inaugurar, visita estaleiros
TIAGO MIRANDA

Depois das obras do IP3, António Costa foi visitar o estaleiro da nova ala pediátrica do Hospital de São João, no Porto. Numa campanha aos solavancos, de manhã Costa foi primeiro-ministro, e começou a tarde como candidato numa arruada em Coimbra

Se não tens obra para inaugurar, visita estaleiros

Filipe Santos Costa

Jornalista da secção Política

Se não tens obra para inaugurar, visita estaleiros

Tiago Miranda

Fotojornalista

António Costa visitou esta tarde o estaleiro das obras da nova ala pediátrica do Hospital de São João, do Porto, para mostrar que o Governo não acabou funções sem que esse projeto arrancasse. Apesar de não ter obra para inaugurar - longe disso, ainda agora foi assinado o contrato e o estaleiro foi montado na véspera -, o líder socialista fez questão de ir quarta-feira ao Porto. Foi uma visita relâmpago, de propósito para reunir com a administração do Hospital e mostrar à comunicação social que o estaleiro já está montado e as obras estão a andar.

"Não chegamos ao fim deste governo sem que aquilo que esteve parado tanto tempo esteja agora em ação", disse Costa, e repetiu, sublinhando que "está em curso desde o passado dia 25, e com prazo de execução de 18 meses, a construção de toda a nova ala pediátrica do hospital." Entretanto, desde Julho as crianças que recebiam tratamentos de oncologia em contentores estão instaladas no interior do hospital.

À observação de que a inauguração do estaleiro aconteceu num timing muito conveniente - aconteceu já em plena campanha eleitoral -, Costa respondeu que "teria sido muito mais conveniente já ter sido possível inaugurar a obra."

Em sua defesa, o primeiro-ministro, que ali estava como líder do PS, lembrou que "a obra não tinha projeto feito, foi necessário fazer e rever projeto, negociar com outras iniciativas que entretanto se tinham sobreposto, encontrar solução financeira, mobilizar os 27 milhões de euros necessários."

"A obra está a andar, isso é que é importante", foi a mensagem que Costa quis passar, tal como na véspera, no IP3, onde também não tinha obra para inaugurar e por isso foi apenas visitar o andamento dos trabalhos de melhoramento da estrada mais perigosa do país. Mais uma vez, Costa inova as regras da política: se não tens obras para inaugurar, visita estaleiros.

Uma campanha aos soluços

Hoje foi mais um dia de campanha aos soluços. Depois de uma manhã com gravata de primeiro-ministro, para acompanhar na Proteção Civil o impacto do furacão Lorenzo nos Açores, António Costa voltou à campanha, com agenda carregada. A hipótese de ir aos Açores não se justificava, nem havia razão para continuar em Lisboa a dar apoio à Região Autónoma.

Já como líder socialista, rumou a Coimbra para uma arruada, depois ao Porto, para ir ao São João, e o dia acaba em Viseu, com um comício na praça do Rossio.

Depois de ter sido marcada, desmarcada e remarcada, a arruada em Coimbra aconteceu às três da tarde, o que está longe e ser o horário ideal para este tipo de iniciativa. Mas Costa lá foi, pelo trajeto habitual, ladeado pela ministra da Saúde, Marta Temido, que é a cabeça de lista pelo distrito.

Costa ouviu muitos prognósticos de vitória, ao que respondeu sempre da mesma maneira: "Para isso tem mesmo de ir votar no domingo".

A mobilização do eleitorado é, neste momento, a principal preocupação dos socialistas. Convictos de que vencerão, como prevêem todas as sondagens, a questão é se essa vitória será mais ou menos robusta. Ninguém fala em maioria absoluta, mas não é a mesma coisa ganhar por muito, ou por "poucochinho".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: FSCosta@expresso.impresa.pt

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