Legislativas 2019

Catarina Martins: é “estranho” que “tão perto das eleições não se perceba o programa de alguns partidos”

Catarina Martins: é “estranho” que “tão perto das eleições não se perceba o programa de alguns partidos”
José Fernandes

A líder do Bloco despachou assim uma pergunta sobre a indicação de Arlindo Cunha para um governo do PSD, em declarações feitas na tarde desta terça-feira à margem da arruada em Braga. Catarina também fugiu a dar troco direto a Alegre e Rui Moreira

Catarina Martins: é “estranho” que “tão perto das eleições não se perceba o programa de alguns partidos”

Paulo Paixão

Jornalista

Uma, duas, três vezes. Primeiro Manuel Alegre, depois Rui Rio, por fim Rui Moreira. Numa pausa da arruada em Braga, Catarina Martins foi sucessivamente questionada por jornalistas sobre afirmações do histórico socialista, do líder do PSD e do presidente da Câmara do Porto. A nenhum passou cartão, pois fugiu sempre às perguntas. Mas a todos deixou recado. O de maior peso político foi para Rio.

Pediram à líder do Bloco um comentário sobre “nomes” indicados para um futuro governo do PSD [Arlindo Cunha, para a Agricultura]. Catarina fez uma pequena pausa e respondeu: “Nós discutimos propostas para o país. E estranho estarmos tão perto das eleições e não percebermos o programa de alguns partidos”. Reforçaria de seguida: “Falam de tudo menos do país que querem”.

Depois, para acentuar o considera ser um constraste, enumerou algumas das propostas e preocupações do Bloco nesta campanha: “Trabalho noturno, salários, pensões, saúde, transportes, transição ecológica”.

Antes, a meio da rua do Souto, fora confrontada com a tirada de Alegre, que na véspera dissera não precisar o PS de “professores de esquerda”. Catarina abdicou da réplica. “Estamos a debater propostas. E as propostas diferentes vão a votos nas eleições”. É como quem diz: no dia 6 de outubro, não serão os professores a fazer a avaliação. As notas serão dadas pelos eleitores.

Por fim, o ramalhete ficou concluído com a chegada de Rui Moreira à conversa. Por conta de fotografias em que jovens vestem camisolas alusivas à despenalização da marijuana, o presidente da Câmara do Porto acusou o BE, na sua conta do Facebook, de fazer “campanha com crianças de 10 anos envergando T-shirts de promoção no consumo de canabis e o símbolo do Bloco”.
Concluiu Rui Moreira: “O Bloco de Esquerda deixou de ser a esquerda-caviar. Agora é a esquerda marijuana”.

Pediram a Catarina um comentário às frases de Rui Moreira. "Não ouvi", disse. Mas tinha o discurso bem oleado: “Estou muito preocupada pelo facto de a Câmara Municipal do Porto estar a mandar famílias para fora das suas casas, quando não tem nenhuma outra resposta. E era bom que Rui Moreira dissesse às famílias da cidade que precisam de uma casa qual é a resposta que lhes dá”.

Por fim, se calhar sabia bem o que autarca havia afirmado: “Se calhar, entreter-se a falar do BE, sobre matérias que não têm que ver com a autarquia, é uma forma de fugir às suas responsabilidades”, rematou a coordenadora do Bloco.

Na arruada em Braga (na subida rua do Souto, entre a Porta Nova e a Praça Central), Catarina Martins teve a companhia de Marisa Matias, a eurodeputada do Bloco, e de Luís Fazenda, um dos fundadores do partido, e que será orador no comício desta noite em Braga.

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