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Isabel dos Santos impugna arresto das contas. Diz que está a paralisar empresas e pagamento de salários

Isabel dos Santos impugna arresto das contas. Diz que está a paralisar empresas e pagamento de salários
Toby Melville/Reuters

As empresas de Isabel dos Santos em Portugal não conseguem pagar salários nem Segurança Social. A acusação é da própria investidora angolana, que culpa o arresto. E está a contestá-lo em tribunal. Empresária diz que já só deve 180 milhões de euros à banca em Portugal

Isabel dos Santos impugna arresto das contas. Diz que está a paralisar empresas e pagamento de salários

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Isabel dos Santos impugnou o arresto decretado pela justiça portuguesa às suas contas bancárias. Um arresto que, escreve a empresária num comunicado, está a impedir que as suas empresas paguem salários e a fornecedores e regularizarem as suas situações perante o Fisco e a Segurança Social. Ao contrário, refere, do que acontece em Angola.

A justiça entendeu arrestar e congelar contas bancárias, consequentemente impedindo as empresas de pagarem a trabalhadores, à Autoridade Tributária, Segurança Social e fornecedores”, indica um comunicado enviado pela assessoria de Isabel dos Santos às redações esta quinta-feira, 20 de fevereiro.

Segundo a nota, o arresto “está a impedir a movimentação das mesmas nos diversos bancos”. A empresária defende que não pode ser “imputado às administrações das empresas responsabilidades criminais ou outras por falhas de tais pagamentos, já que as mesmas, a ocorrer, não se devem à sua vontade, mas sim ao congelamento das contas bancárias”. No dia do arresto, a Efacec, detida em maioria por Isabel dos Santos, veio esclarecer que estava a funcionar sem problemas.

O arresto foi decretado pela justiça portuguesa depois de um pedido de colaboração das autoridades angolanas, no âmbito da investigação à sua passagem pela presidência da Sonangol por alegada má gestão e desvio de fundos. Só que a investidora, que em Portugal é detentora de uma participação maioritária na Efacec tendo posições noutras empresas como a ZAP, Fidequity ou a Santoro, refere que, em Angola, o caso é diferente: “os arrestos não impediram o pagamento de salários, a fornecedores, impostos e Segurança Social”. Isabel dos Santos não explica quais os motivos para a justiça angolana estar com dificuldades em notificá-la do processo judicial.

A filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos – que refere que, até ao final do ano passado, nenhuma das suas empresas devia salários, impostos ou Segurança Social – diga que os seus advogados já impugnaram o “inexplicável e infundado arresto às diversas contas bancárias pessoais e das empresas em Portugal”.

Isabel dos Santos já tinha referido que este era um risco que estava em cima da mesa, voltando agora a referi-lo como um facto consumado.

Isabel dos Santos defende que “as empresas europeias” onde controla o capital têm apenas 180 milhões de euros por reembolsar aos créditos contraídos em Portugal, num total de 571 milhões de euros empréstimos contraídos – o valor da exposição da banca portuguesa referido pelo Expresso. A empresária não refere quais os dividendos e mais-valias obtidas nos negócios, que o Público calculou em perto de 500 milhões de euros.

Os bancos portugueses estão obrigados pelo Banco de Portugal a olhar para aquilo que o universo Isabel dos Santos lhes deve, para saber se devem reforçar as imparidades.

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