Abrir os sites de notícias portugueses este domingo é encontrar sempre o rosto de Isabel Santos acompanhado de expressões como “esquemas”, “milhões desviados”, “investigação internacional”, “fuga de documentos”. Em todos eles também se lê “Luanda Leaks”. A investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), do qual o Expresso e a SIC fazem parte, revela a forma como a mulher mais rica de África construiu um império.
“Isabel dos Santos terá transferido 115 milhões da Sonangol para o Dubai”, destaca o “Público”, que detalha o caso em que Isabel dos Santos transferiu pelo menos 115 milhões de dólares de fundos públicos para uma conta de uma empresa offshore no Dubai. O jornal recorda ainda um perfil da filha de Eduardo dos Santos publicado nos primeiros dias do ano: “Isabel dos Santos: a empresária, a princesa, o império e ‘os pés de barro do pai’”. Já aqui são apontados os benefícios que teve por ser filha do antigo presidente angolano.
Também o “Negócios” destaca o percurso da empresária angolana. “Os esquemas que permitiram a Isabel dos Santos tornar-se a mulher mais rica de África”, contando a história divulgada pelo Luanda Leaks e citando os milhares de documentos que mostram como a empresária usou a Sonangol para angariar uma enorme fortuna, assim como “vários portugueses foram cúmplices deste projeto”. O mesmo caso do desvio de pelo menos 115 milhões de dólares de fundos públicos para o Dubai também é destacado pelo “Dinheiro Vivo”.
Já o “Correio da Manhã” noticia a investigação do consórcio, onde participam mais de 100 jornalistas e que, entre outras histórias, revela as “centenas de benefícios conseguidos por Isabel dos Santos durante a presidência de José Eduardo dos Santos”. O diário aponta ainda que há portugueses envolvidos na investigação e apresenta um pequeno resumo do que está a ser publicado por vários órgãos de comunicação que integram o ICIJ, assim como destaca o “Império entre Hong Kong e Estados Unidos” e o facto de a empresária negar todas as acusações.
O “Jornal de Notícias” e o “Diário de Notícias” explicam a forma como a investigação do Luanda Leaks foi conduzida e como foram “desvendados os segredos da fortuna” da empresária. O DN enumera ainda os quatro portugueses envolvidos: “Paula Oliveira, administradora não-executiva da NOS e diretora de uma empresa offshore no Dubai, Mário Leite da Silva, presidente executivo da Fidequity, o advogado Jorge Brito Pereira e Sarju Raikundalia, administrador financeiro da Sonangol”.
A história também fez manchete na Renascença e na TSF. Na primeira é dado destaque ao desvio de mais de 100 milhões de dólares da Sonangol, enquanto a segunda - num texto assinado pela agência Lusa e que foi também repartilhado pela RTP - salienta que foram analisados 356 gigabytes de dados relativos aos negócios.
O “Observador” notícia o Luanda Leaks salientando que, além dos documentos obtidos pela fuga de informação, a investigação também assenta “em documentos oficiais de autoridades como o Banco de Portugal, mas também de empresas angolanas como a Sonangol e a Sodiam, empresa pública de diamantes, e vários registos de empresas constituídas em offshores”.
Por outro lado, a TVI destaca a reação de Isabel dos Santos, titulando que o “Luanda Leaks é ataque baseado em documentos falsos”. Por sua vez, a SIC publica a reportagem na íntegra do Luanda Leaks, assim como a opinião de Luís Marques Mendes (“Isabel dos Santos “devia vender participação no EuroBic”) e de Ana Gomes (“Isabel dos Santos é uma tremenda ladra”)
Este domingo, a investigação Expresso/SIC, coordenada pelo consórcio Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), revelou um esquema de ocultação que começou a ser montado quando Isabel dos Santos foi nomeada pelo pai para liderar a petrolífera estatal Sonangol. Dá ainda conta de como a mulher mais rica de África geriu a petrolífera e como a ligou ao seu império empresarial.
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