Um estudo europeu sobre a canela chegou a resultados que indiciam problemas com a segurança alimentar da especiaria: dois terços das amostras analisadas (mais de 66%) não cumpriram os padrões internacionais de qualidade. O trabalho é do Centro Comum de Pesquisa (JRC), um organismo da União Europeia que realiza pesquisas em diversas áreas, de forma a fornecer material para aconselhar os decisores políticos da União Europeia (UE).
Em 2023, a canela foi o quinto tempero mais importado na UE, depois do gengibre, da páprica, da pimenta e da cúrcuma, com a previsão de que o consumo da cresça nos próximos anos, transformando esta especiaria num alvo atraente para fraudes.
Segundo o site do JRC, foram utilizados “quatro métodos de triagem inovadores desenvolvidos internamente para detectar e identificar possíveis práticas fraudulentas” no setor de ervas e especiarias. E, “além da identificação da substituição da canela do Ceilão, a variedade mais valiosa, pela cássia, uma alternativa mais barata e menos aromática”, foram identificados outros tipos de substituição.
O estudo abrangeu 104 amostras de canela – 44 das quais rotuladas como canela do Ceilão – adquiridas em lojas do retalho em 10 países da UE, além do Reino Unido, Sérvia e Sri Lanka. E, de acordo com a informação oficial do JRC, “mais de 66% das amostras analisadas não atenderam aos padrões internacionais de qualidade”.
Também “não estavam em conformidade com a legislação de segurança alimentar da UE, eram suspeitas de fraude e/ou potencialmente excediam os limites legais de cumarina", explicada como sendo “um composto aromático natural encontrado na cássia e em outras plantas, potencialmente tóxico para o fígado”, que, segundo um artigo do “El Pais”, é “particularmente preocupante para crianças menores de 10 anos”.
O texto do jornal espanhol, sublinha, contudo, que “embora o estudo forneça informações valiosas, a análise de apenas 104 amostras de 13 países não permite conclusões sólidas”.
O centro analisou ainda o cumprimento da legislação europeia e das normas internacionais. Segundo o JRC, “os resultados da investigação podem ajudar a comunidade científica e os legisladores a estabelecerem valores-limite para os diferentes componentes da canela e a definirem quando uma amostra deve ser considerada suspeita”, permitindo uma vigilância mais detalhada e “ajudando as autoridades a tomarem medidas”.
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