Reino Unido

“Vou ficar bem”: Princesa de Gales revela cancro e quimioterapia, pondo fim a meses de especulação

“Vou ficar bem”: Princesa de Gales revela cancro e quimioterapia, pondo fim a meses de especulação
Max Mumby/Indigo/Getty Images

Princesa de Gales, casada com o herdeiro da coroa britânica, William, anunciou que está a ser submetida a quimioterapia preventiva. Confia numa “recuperação total” e explica desta forma a ausência nos últimos meses, que deu azo a especulações nas redes sociais

“Vou ficar bem.” Esta foi a mensagem lançada esta sexta-feira pela princesa de Gales, que revelou estar a ser alvo de tratamento para combater um cancro. Catherine, conhecida como Kate e nora do rei Carlos III, põe assim ponto final à onda de especulação sobre o seu estado de saúde, que marcou os meses mais recentes.

O jornal londrino “The Telegraph”, bem relacionado com a família real, indicou que a princesa, casada com William, herdeiro da coroa britânica, está a ser submetida a quimioterapia preventiva e apostada em ter uma “recuperação total”.

A mensagem, noticia o jornal, foi filmada em Windsor pela BBC a 20 de março, e tem a duração de dois minutos e 15 segundos. No vídeo, Kate Middleton revela ter sido submetida, em janeiro passado, a uma “grande cirurgia abdominal” em Londres. Nessa altura, prossegue, acreditava-se que a sua condição “não era cancerosa”.

Kate diz que “a cirurgia foi um êxito”, mas acrescenta que testes realizados após a operação “revelaram a presença de cancro”. Na sequência desta situação, a equipa médica aconselhou-a a submeter-se a “quimioterapia preventiva”, recomendação que foi seguida. Kate afirma: “Estou agora nas fases iniciais desse tratamento”.

A notícia tem tido grande impacto no país. O primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, e o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, elogiaram a coragem da princesa, desejando-lhe o melhor. Seguiram-se comentários no mesmo tom vindos de todos os quadrantes políticos e de outros países, nomeadamente do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Carlos III fez saber através de um porta-voz que está “muito orgulhoso de Catherine pela coragem de falar como falou”. O monarca manteve “o mais estreito contacto com a sua amada nora durante as últimas semanas”, acrescenta a mesma fonte.

Carlos III também sofre de cancro

Recorde-se que quando a princesa foi operada, em janeiro, o rei revelou ter-lhe sido diagnosticado cancro, durante um tratamento por próstata dilatada, embora não nesse órgão. Desde então, o chefe de Estado cumpre as suas funções no palácio, onde tem recebido dignitários, mas não é visto em público senão nas saídas para o hospital.

A transparência do rei foi elogiada, mormente por ter levado muitos britânicos a informarem-se sobre cancro e a fazerem testes regulares nas idades apropriadas. O site do serviço nacional de saúde do Reino Unido registou um aumento de procura de informação, escreve o jornal “The Guardian”.

A ausência de Carlos e Catherine é problemático para a atividade protocolar da família real, que padece de escassez de membros no ativo. Além da rainha Camilla e de William (que reduziu a agenda para acompanhar a mulher), sobram os irmãos do rei, Ana e Eduardo, e a mulher deste, Sophie, além de primos da falecida rainha Isabel II, de idade já avançada.

Para tal contribuem o afastamento de André, o outro irmão do monarca, na sequência do seu envolvimento num escândalo sexual; e a decisão de Harry, filho mais novo de Carlos, de se afastar do Reino Unido, vivendo na Califórnia com a mulher, Meghan Markle, e os filhos Archie e Lilibet, esta última já nascida nos Estados Unidos da América.

Proteger os filhos

Na mensagem a princesa de Gales está sentada num banco dos jardins do castelo de Windsor, perto do local onde vive com William e os três filhos: George, de 10 anos; Charlotte, de 8; e Louis, de 5. Catherine explica ter precisado de tempo para explicar a sua doença às crianças, sendo plausível que o momento escolhido para divulgá-la obedeça não só à espiral de boatos online (o palácio de Kensington, residência oficial dos príncipes de Gales, admitiu que pôr-lhes fim foi um objetivo), mas às férias da Páscoa, que protegerão a prole da inevitável reação e curiosidade pública que se seguirá.

“É claro que isto foi um grande choque, e William e eu temos feito tudo o que podemos para processar e gerir isto de forma privada, em benefício da nossa jovem família”, diz Catherine no vídeo. “Como poderão imaginar, isto exigiu tempo. Levei tempo a recuperar de uma grande cirurgia, para começar o meu tratamento.” Pede, pois, respeito pela sua privacidade.

O crucial, prossegue, foi transmitir aos filhos confiança na cura da mãe. O palácio de Kensington informou que Catherine iniciou a quimioterapia no final de fevereiro. Terá sido por isso que o príncipe de Gales cancelou, à última hora, a participação numa cerimónia de homenagem ao falecido rei Constantino da Grécia, seu padrinho, dia 27.

Catherine afirma estar “a ficar mais forte a cada dia”, focada no que contribuirá para a recuperação “na mente, corpo e espírito”, não obstante os últimos meses terem sido “incrivelmente duros” para o agregado familiar. Encoraja todos os que sofrem do mesmo, assegurando-lhes que “não estão sós”.

A princesa exprimiu ainda gratidão pelo apoio do marido, que assegura ter sido “uma grande fonte de conforto e segurança”, a par do “amor, apoio e amabilidade” do povo e de uma equipa médica “fantástica”. O palácio reafirmou que não haverá mais informação sobre o tipo de cancro e a fase em que foi diagnosticado.

Especulação desenfreada

A ausência da princesa, cujo último ato público foi a missa de Dia de Natal, deu azo a inúmeras teorias infundadas. Talvez para tentar aplacá-las, Catherine divulgou uma foto, no Dia da Mãe (assinalado no Reino Unido a 10 de março), em que aparece bem disposta, com os filhos. A imagem fora captada por William.

Surgiram dúvidas, porém, quando nela foram detetadas manipulações. As maiores agências noticiosas e fotográficas do mundo apagaram-na das suas bibliotecas e desaconselham o seu uso. Kate acabou por explicar nas redes sociais que editara a imagem de forma amadora, como é seu hábito, e desculpou-se pela confusão gerada.

O palácio agravou as coisas ao recusar-se a disponibilizar a imagem original não editada. Pouco depois, veio a lume que outra foto partilhada por Kate nas redes sociais, há cerca de um ano, em que se via a falecida Isabel II num sofá com netos e bisnetos, também fora manipulada.

Pelo meio, ainda houve um anúncio abortado da presença da princesa numa cerimónia pública. O exército britânico incluiu-a, mas depois apagou-a, da lista de celebridades na parada anual Trooping the Colour, marcada este ano para 8 de junho, e que assinala o aniversário oficial do rei. De novo os rumores cresceram.

Nos últimos dias os jornais britânicos avançaram que a princesa poderia fazer-se ver no domingo de Páscoa, acompanhando parentes à missa como é hábito. Agora sabe-se que tal não acontecerá e que só regressará às lides públicas quando a equipa clínica lho permitir.

Catherine diz-se ávida de voltar ao trabalho, que lhe traz “um profundo sentimento de alegria”, mas por agora tem de concentrar-se na recuperação. William trabalhará com agenda limitada, “equilibrando o apoio à mulher e à família com a manutenção dos deveres oficiais, como tem feito desde o início do ano”, esclareceu um porta-voz.

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