Cerca de três dezenas de pessoas estavam hoje de manhã junto da embaixada de Israel em Lisboa para chamar a atenção para a crise humanitária na Faixa de Gaza e criticar “o extermínio em curso do povo palestiniano”.
A manifestação, que teve início cerca das 9h30, juntou igualmente alguns transeuntes, que ajudaram a gritar palavras de ordem como “Assassinos” e “Matam crianças à fome”, enquanto alguns dos participantes batiam em panelas de metal, emitindo um som que pretendia mostrar “o ruído da fome”.
Embora o número de manifestantes fosse pequeno durante o período da manhã (está previsto que o protesto se prolongue durante a tarde), a organizadora Lara Aladina garante que o sentimento dos portugueses está a mudar.
“Quando a causa é justa, mais cedo ou mais tarde as pessoas acordam”, disse à Lusa, lembrando que quando começou a protestar contra a situação, no início da guerra (outubro de 2023), estava sozinha.
“As pessoas chamavam-me nomes e diziam-me para ir trabalhar, agora não dizem nada e algumas até batem palmas”, afirmou.
“Somos agora 251 pessoas a falar da Palestina, a tentar organizar ações”, adiantou, acrescentando que nota cada vez mais portugueses “a procurarem saber o que é que podem fazer para acabar com o genocídio na Palestina” e a mostrarem-se “chocados” com o bloqueio de ajuda humanitária a Gaza.
Ainda assim, Lara Aladina admite que os portugueses participam pouco em ações de rua porque “têm vergonha social” e porque as manifestações são “vistas como um gesto de esquerda e não como um gesto que pode alterar alguma coisa”.
Face à gravidade da situação, os grupos que defendem os direitos dos palestinianos decidiram criar outras ações “para as pessoas mais envergonhadas”, que passam por “escrever um postal pela Palestina e enviar para o Parlamento ou direções de serviços públicos”, ou por ir à janela às 20h e bater em panelas “para lembrar a fome que está a acontecer em Gaza durante a hora de jantar”.
A “Occupy Gaza”, que espera um pico de manifestantes pela hora do almoço, conta manter-se junto da embaixada israelita até cerca das 16h30, mas sem qualquer esperança de falar com algum responsável.
“Nunca falam. Tiram fotografias lá de cima da janela todos os dias, não sei se é para identificar as pessoas ou não, e já chegou a acontecer virem à porta, quando deitámos no chão nove pessoas durante 20 minutos ao som de bombardeamentos em Gaza”, referiu Lara Aladina.
Do outro lado da estrada, cerca de 10 a 12 agentes da polícia estavam atentos às movimentações dos participantes, embora tenham admitido não esperar quaisquer problemas decorrentes da manifestação.
A rua onde se situa a embaixada israelita está fechada ao trânsito há vários meses, “devido à conjuntura crítica” na região do Médio Oriente, pelo que a única coisa que mudou hoje foi o facto de terem sido destacados mais agentes para a zona, explicou uma responsável da instituição.
“A organização [da manifestação] disse que esperava entre 80 a 100 manifestantes e nós gostamos de ter um rácio polícia-manifestante equilibrado”, argumentou, acrescentando que estão também atentos a eventuais contra manifestações.
A manifestação decorre depois de, na terça-feira, a principal autoridade internacional em crises alimentares ter alertado que “o pior cenário de fome está atualmente a desenrolar-se na Faixa de Gaza”, prevendo “mortes generalizadas” se não for tomada uma ação imediata.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt