O Iraque e a Líbia ensinam-nos que o derrube de ditaduras pilotado a partir do exterior raramente acaba bem. Uma lição para aqueles que querem, pela força, derrubar a teocracia iraniana
Em 1799 Goya pintou um quadro a que chamou “O sono da razão engendra os monstros”. Se era assim na Espanha de finais do século XVIII, atormentada pela tirania e pela superstição, nos nossos dias isso continua a ser verdade, ainda que doutra forma. As mudanças de regime, ainda que justificadas pelos argumentos mais racionais, se forem impostas pela força e a partir do exterior, tendem a engendrar o caos. Isto é particularmente verdade para o Médio Oriente e o Norte de África, onde, ao derrube de dois tiranos sinistros – Saddam Hussein, Iraque, 2003 e Muammar Kadhafi, Líbia, 2011 – se seguiram a guerra civil e a emergência do jiadismo, quando não a desintegração desses mesmos países.
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