Guerra no Médio Oriente

Israel ataca cidade no Iémen e Hezbollah alerta que se abriu uma “nova fase perigosa” do conflito (290º. dia de guerra)

Escola que alberga deslocados em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, atingida pelas forças israelitas
Escola que alberga deslocados em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, atingida pelas forças israelitas
BASHAR TALEB

Israel diz que a ofensiva é “resposta às centenas de ataques perpetrados” pelos hutis nos últimos meses, com o ministro da Defesa israelita a admitir novos ataques. O bombardeamento de uma cidade do Iémen controlada pelos Hutis fez pelo menos dois mortos e dezenas de feridos e o Hezbollah admite mesmo uma escalada do conflito. Eis os destaques do 290º. dia de guerra no Médio Oriente

Israel atacou este sábado a cidade de Hodeida, no oeste do Iémen, que está sob controlo dos rebeldes hutis. Os ataques aéreos israelitas causaram pelo menos 2 mortos e 80 feridos, além de fortes explosões por terem sido atingidas umas instalações de armazenamento de petróleo.

O ataque foi perpetrado um dia depois de um ataque de 'drones' reivindicado pelos hutis, que vitimou uma pessoa em Telavive, e também um dia depois de o Tribunal Internacional de Justiça ter ordenado a Israel que ponha fim à ocupação dos territórios palestinianos.

O ministro da Defesa israelita admitiu este sábado que os ataques podem não ter ficado por aqui.

“A primeira vez que os Hutis fizeram mal a um cidadão israelita, nós atacámo-los. Fá-lo-emos em qualquer lugar onde seja necessário”, ameaçou o ministro Yoav Gallant.

Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelita, acompanhou os ataques deste sábado em direto, juntamente com o chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi, e por Gallant, que acrescentou que os Hutis atacaram Israel “mais de 200 vezes” nos últimos meses.

“O sangue dos cidadãos israelitas tem um preço. Isto ficou claro no Líbano, em Gaza, no Iémen e noutros lugares: se eles se atreverem a atacar-nos, o resultado será o mesmo”, ameaçou ainda Gallant.

Hezbollah alerta para escalada no conflito

O movimento xiita libanês Hezbollah alertou, em resposta ao ataque israelita contra os Hutis, seus aliados, que este sábado se abriu uma “nova fase perigosa” no Médio Oriente, nove meses após o início da guerra na Faixa de Gaza.

“A ação estúpida levada a cabo pelo inimigo sionista anuncia uma nova fase perigosa nos confrontos em toda a região”, afirmou em comunicado o Hezbollah, grupo apoiado pelo Irão, à semelhança dos rebeldes Hutis do Iémen e do islamita Hamas da Palestina.

E, segundo o exército de Israel, a resposta já se começou a fazer sentir, com o registo do lançamento de 45 'rockets' provenientes do Líbano ao longo deste sábado, provenientes do grupo Hezbollah.

Os ataques foram dirigidos contra os Montes Golã, no norte de Israel, sem provocar danos. Segundo um comunicado do exército, alguns dos disparos danificaram uma fábrica no kibutz (comunidade agrária) de Amir.

Pouco depois, outra rajada de 10 projéteis provocou alertas israelitas no noroeste do país, mas “sem vítimas”, disse o Exército.

Isarel bombardeia Gaza horas depois do Tribunal Internacional de Justiça ordenar o fim da ocupação dos territórios palestinianos

Pelo menos 13 pessoas foram mortas em três ataques aéreos israelitas que atingiram campos de refugiados no centro de Gaza durante a madrugada de sábado, enquanto decorrem as negociações de cessar-fogo no Cairo, capital do Egito.

Entre os alvos, estavam o Campo de Refugiados de Nuseirat e o Campo de Refugiados de Bureij, onde morreram três crianças e uma mulher, de acordo com as equipas de ambulâncias palestinianas, refere a agência Associated Press (AP).

Os ataques aconteceram horas depois de o Tribunal Internacional de Justiça, da ONU, (o TIJ) ter ordenado a Israel que termine com a ocupação dos territórios palestinianos “o mais rapidamente possível”, porque essa ocupação viola o direito internacional.

Da lista de violações do direito internacional apontadas pelo TIJ estão despejos forçados, demolições extensas de casas e restrições de residência e circulação, a transferência por parte de Israel de colonos para a Cisjordânia e Jerusalém Oriental e a manutenção da sua presença, o fracasso em prevenir ou punir os ataques dos colonos, restrição do acesso da população palestiniana à água, a utilização dos recursos naturais no território palestiniano ocupado, a aplicação da lei de Israel à Cisjordânia e a Jerusalém Oriental.

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