Guerra no Médio Oriente

Dezenas de mortos em ataque israelita a escola da ONU em Gaza, Espanha quer juntar-se a acusação de genocídio: o 244.º dia de guerra

Escola que alberga deslocados em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, atingida pelas forças israelitas
Escola que alberga deslocados em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, atingida pelas forças israelitas
BASHAR TALEB

Escola no campo de refugiados de Nuseirat acolhia cerca de 6000 deslocados no momento do ataque. Espanha pretende juntar-se à queixa contra Israel, apresentada no Tribunal Internacional de Justiça pela África do Sul, que acusa Telavive de genocídio em Gaza. Primeiro-ministro israelita rejeita que pressão internacional influencie as operações militares. Eis o resumo da evolução do conflito no Médio Oriente nesta quinta-feira

Pelo menos 40 pessoas morreram num ataque aéreo contra uma escola da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) no campo de refugiados de Nuseirat, em Gaza. O exército israelita disse ter efetuado um “ataque preciso” contra “uma base” do grupo no interior da escola e, mais tarde, divulgou os nomes de nove altos responsáveis do Hamas e da Jihad Islâmica alegadamente mortos no ataque.

O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, acusou Israel de ter atacado a escola da organização “sem aviso prévio”, em “mais um dia horrível” em Gaza. O responsável referiu que o edifício acolhia cerca de 6000 deslocados no momento do ataque. “Alegações de que grupos armados podem ter estado no interior do abrigo são chocantes, mas não temos capacidade para as verificar”, acrescentou.

O secretário-geral das Nações Unidas condenou o sucedido. “Este é apenas mais um exemplo horrendo do preço que os civis palestinianos estão a pagar, homens, mulheres e crianças que estão apenas a tentar sobreviver, que estão a ser forçados a mover-se numa espécie de círculo de morte em torno de Gaza, tentando encontrar segurança”, afirmou Stéphane Dujarric, porta-voz de António Guterres.

Mais notícias do dia:

⇒ O primeiro-ministro de Israel rejeitou que a pressão internacional influencie as operações militares do país, após uma reunião para avaliar a situação de segurança. Benjamin Netanyahu reconhece, num comunicado do gabinete do chefe do Governo israelita, que o esforço militar “está a ser realizado no meio de uma complicada pressão internacional”, mas assegura que não será essa pressão que irá alterar a estratégia de guerra contra o Hamas.

⇒ O Hamas informou os mediadores que a proposta de trégua divulgada no final de maio pelo Presidente dos Estados Unidos deve ser clara e sem margem para interpretações. As ideias devem ser “transcritas numa linguagem clara e os mecanismos de implementação [do acordo] devem ser simples e sem margem para interpretações”, indicou uma fonte do grupo sob anonimato.

⇒ Espanha pretende juntar-se à queixa contra Israel apresentada no Tribunal Internacional de Justiça pela África do Sul, que acusa Telavive de genocídio na Faixa de Gaza. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel Albares, explicou que o país vai juntar-se ao processo “perante a situação em Gaza”, a continuação da operação militar israelita no território palestiniano e a “extensão regional do conflito”.

⇒ Os líderes de 17 países, incluindo Portugal e Brasil, apelaram ao Hamas para que aceite o acordo de cessar-fogo anunciado pelo Presidente dos Estados Unidos e liberte os reféns detidos em Gaza. “Não há tempo a perder. Apelamos ao Hamas para que feche este acordo, com o qual Israel está pronto para avançar, e inicie o processo de libertação dos nossos cidadãos”, lê-se na declaração conjunta, assinada por Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Bulgária, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Polónia, Portugal, Reino Unido, Roménia, Sérvia e Tailândia.

⇒ O primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Mustafa, declarou em Bagdade, no Iraque, que a Autoridade Palestiniana instalada na Cisjordânia ocupada está preparada para restabelecer uma direção palestiniana “unificada” após o final da guerra na Faixa de Gaza. “Enquanto palestinianos, estamos prontos a assumir as nossas responsabilidades no dia seguinte [ao fim da guerra] para ajudara restaurar a unidade do povo e a direção palestinianas”, declarou.

⇒ O Ministério da Saúde palestiniano denunciou a morte de pelo menos três palestinianos numa nova incursão militar israelita no campo de refugiados e na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada. Outras seis pessoas ficaram feridas, também por disparos israelitas. Pelo menos 204 palestinianos foram mortos nesta região desde o início do ano, no decurso de operações militares do exército ou em ataques de colonos judaicos.

⇒ A organização Médicos do Mundo alertou para a falta de acesso aos cuidados de saúde que afeta gravemente a população palestiniana na Cisjordânia, particularmente na aldeia de Al Walaja, onde a situação é “muito preocupante”. “Esta aldeia só tem uma clínica – sem serviço de urgência – e está cercada por muros, por dois colonatos e pelos militares israelitas. Mas este é apenas um exemplo, porque em toda a Cisjordânia a situação é dramática”, afirmou o médico Osama Abu Mohimeed.

⇒ O Hezbollah disparou mísseis antiaéreos contra aviões de combate israelitas, adiantou o grupo xiita libanês, sem confirmar se atingiu algum alvo, mas denunciando que os caças quebraram a barreira do som em vários pontos do espaço aéreo libanês.

⇒ Os hutis reivindicaram a realização de uma primeira operação conjunta com a Resistência Islâmica no Iraque – uma combinação de várias milícias pró-iranianas – contra o porto de Haifa, no norte de Israel, nas águas do Mar Mediterrâneo.

⇒ Pelo menos 18 combatentes hutis foram mortos no Iémen em confrontos entre as forças pró-governamentais e os rebeldes no sudoeste do país. As forças pró-governamentais “repeliram com sucesso o ataque, mas cinco soldados foram martirizados e outros ficaram feridos”, informaram oficiais militares.

Pode recordar aqui os principais acontecimentos do dia anterior.

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