Guerra no Médio Oriente

Netanyahu diz que proposta de cessar-fogo apresentada por Biden está “incompleta”, Egito defende retirada de Rafah: o 241.º dia de guerra

Fumo junto ao edifício Al-Magahazi após ataques israelitas em Gaza
Fumo junto ao edifício Al-Magahazi após ataques israelitas em Gaza
Anadolu

Há “detalhes” sobre o plano de trégua em Gaza que o Presidente dos Estados Unidos “não apresentou ao público”, realça o primeiro-ministro israelita. Ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito diz que acordo tem de incluir a retirada de tropas de Israel de Rafah. Grupo de relatores das Nações Unidas apela “a todos os países” para que reconheçam o Estado da Palestina. Eis o resumo do que se passou no conflito no Médio Oriente nesta segunda-feira

O primeiro-ministro israelita apontou lacunas entre o plano israelita e a versão anunciada pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, para uma trégua na Faixa de Gaza, e frisou que um cessar-fogo seria temporário.

“A alegação de que concordámos com um cessar-fogo sem que as nossas condições fossem cumpridas não é verdadeira. A proposta que Biden apresentou está incompleta”, declarou Benjamin Netanyahu perante a Comissão de Defesa e Negócios Estrangeiros do Parlamento israelita.

“A guerra vai parar para recuperar os reféns e depois manteremos conversações. Há detalhes que o Presidente americano não apresentou ao público”, acrescentou o primeiro-ministro israelita.

Outras notícias do dia:

⇒ O chefe da diplomacia dos Estados Unidos considera que cabe ao Hamas aceitar a proposta para “alcançar um cessar-fogo total” em Gaza e elogia a “disponibilidade de Israel para chegar a um acordo”. As declarações de Antony Blinken surgiram durante uma conversa telefónica no domingo com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant. Os dois falaram também sobre a proposta de Washington para “garantir a libertação de todos os reféns e aumentar a assistência humanitária” em Gaza.

⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito disse que um acordo de cessar-fogo em Gaza tem de incluir a retirada de tropas de Israel de Rafah, na única passagem de fronteira entre os territórios palestiniano e egípcio. “Tem de ser um dos pontos de qualquer acordo que se vier a assinar”, afirmou Sameh Shoukry em Madrid, numa conferência de imprensa com o homólogo espanhol, José Manuel Albares.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito, Sameh Shoukry, com o homólogo espanhol, José Manuel Albares, durante a conferência de imprensa após o encontro em Madrid
Europa Press News

⇒ Um grupo de relatores das Nações Unidas apelou “a todos os países” para que reconheçam o Estado da Palestina, como fizeram Espanha, Irlanda e Noruega, sublinhando que se trata de uma “condição prévia” para a paz no Médio Oriente. “Este reconhecimento é uma admissão importante dos direitos do povo palestiniano e da sua luta e sofrimento pela liberdade e independência”, afirmam os subscritores, onde se inclui a relatora das Nações Unidas para a Palestina, Francesca Albanese.

⇒ A oposição conservadora na Eslovénia apresentou uma moção para impedir a votação parlamentar sobre o reconhecimento oficial do Estado da Palestina, marcada para terça-feira. O Partido Democrático Esloveno (SDS), liderado pelo ex-primeiro-ministro Janez Jansa, apela à realização de um referendo consultivo sobre o decreto de reconhecimento, atrasando assim a votação em pelo menos um mês.

⇒ A Autoridade Palestiniana enviou ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) uma notificação aceitando “com efeitos imediatos” a sua jurisdição. A Palestina é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um Estado observador não-membro e, a 31 de maio, manifestou ao TIJ o desejo de aceitar também a sua jurisdição. Comprometeu-se, assim, a respeitar “de boa-fé” as decisões do TIJ e a aceitar “todas as obrigações” que cabem a qualquer Estado-membro da ONU.

⇒ O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, criticou o líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, pelo apoio ao ataque de 7 de outubro do Hamas a Israel, defendendo que tal “visa sacrificar sangue palestiniano”. Abbas declarou também que esse tipo de declarações “não conduzirá à criação de um Estado palestiniano independente”.

⇒ O exército israelita reclamou a interceção de um míssil alegadamente disparado pelos rebeldes hutis a partir do Iémen nas imediações da cidade de Eilat, no sul do território de Israel. “Os sistemas de defesa intercetaram com sucesso, utilizando o sistema Arrow, um míssil lançado em direção a Israel a partir do Mar Vermelho”, refere uma mensagem difundida através do portal oficial dos militares israelitas.

⇒ O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, anunciou que morreram desde o início do conflito pelo menos 36.479 palestinianos. Desde 7 de outubro, 82.777 pessoas ficaram feridas. Nas últimas 24 horas, morreram 40 palestinianos e 150 sofreram ferimentos.

⇒ Dois combatentes do Hezbollah foram mortos em ataques com drones israelitas contra os veículos em que seguiam em duas cidades no sul do Líbano, Naqoura e Zrariye, segundo a imprensa estatal e o grupo xiita libanês. Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, o Hezbollah tem trocado tiros regularmente com o exército israelita, em apoio à Palestina.

⇒ O Observatório Sírio dos Direitos Humanos informou que 16 membros de grupos pró-iranianos morreram na sequência de um ataque israelita contra uma fábrica perto de Aleppo, no norte da Síria, que provocou “fortes explosões”. “Dezasseis pessoas, entre sírios e estrangeiros, foram mortas”, indicou a organização não-governamental britânica, sem especificar se as vítimas eram combatentes.

Pode recordar os principais acontecimentos do dia anterior aqui.

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