Guerra no Médio Oriente

Israel e Espanha em rota de colisão: vídeo de MNE israelita a criticar Espanha é "escandaloso e execrável", diz Governo espanhol

ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares
ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares
Europa Press News

Em causa está um vídeo com imagens do atentado de 7 de outubro misturadas com duas pessoas a dançar flamenco. Nos últimos dias, as relações entre os dois países sofreram um forte abalo

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha classificou como "escandaloso e execrável" um vídeo divulgado pelo homólogo israelita com imagens do atentado de 7 de outubro misturadas com duas pessoas a dançar flamenco.

"Eu vi o vídeo, ainda antes de viajar para Bruxelas [...], é escandaloso e execrável. Todo o planeta sabe, incluindo o meu colega israelita, que nós condenámos o Hamas e as suas ações", disse José Manuel Albares, em conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammad Mustafa, em Bruxelas (Bélgica).

Há dois dias, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, disse tinha decidido "cortar a ligação" entre a missão diplomática da Espanha e os palestinianos na parte ocupada da Cisjordânia, na sequência do reconhecimento de Madrid do Estado palestiniano.

“Decidi cortar a ligação entre a representação de Espanha em Israel e os palestinianos, e proibir o consulado espanhol em Jerusalém de prestar serviços aos palestinianos da Cisjordânia”, comunicou Katz, na rede social “X”. Katz referiu ainda que a sua decisão foi tomada "em resposta ao reconhecimento da Espanha de um Estado palestiniano e ao apelo antissemita do vice-primeiro-ministro da Espanha para ''libertar a Palestina do rio ao mar".

Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram na quarta-feira a sua decisão de reconhecer o Estado da Palestina no final deste mês. O Governo israelita criticou a opção, dizendo tratar-se de uma “recompensa pelo terror”, depois do ataque sem precedentes do Hamas a 7 de outubro.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros alertou, na quinta-feira, que os laços de Israel com a Irlanda, Noruega e Espanha enfrentariam “sérias consequências”. No anúncio de sexta-feira, Katz censurou os comentários feitos pela número três do Governo espanhol, Yolanda Diaz, líder do Movimiento Sumar, um partido de esquerda, além de ministra do Trabalho.

Saudando o anúncio do reconhecimento formal de um Estado palestiniano, Diaz declarou: "Não podemos parar aqui. A Palestina será livre, do rio ao mar". O grito de guerra pró-Palestina refere-se às fronteiras históricas da Palestina, sob o mandato britânico, que se prolongavam do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo, antes da criação de Israel, em 1948. Os críticos encararam-no como um apelo à eliminação de Israel, incluindo o seu embaixador em Espanha, que condenou as observações da ministra.

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