Guerra no Médio Oriente

Cerca de 450 mil palestinianos fugiram de Rafah, Israel terá atacado pelo menos oito caravanas de ajuda humanitária (guerra, dia 210)

Palestinianos fogem de Rafah, na Faixa de Gaza
Palestinianos fogem de Rafah, na Faixa de Gaza
Ashraf Amra/Anadolu/Getty Images

Desde 6 de maio, dia em que Israel começou a estacionar tropas perto da cidade do sul de Gaza, tomando o posto fronteiriço com o Egito, milhares de pessoas tiveram de deixar as suas casas. Esta terça-feira, a Human Rights Watch (HRW) acusou Telavive de atingir deliberadamente trabalhadores humanitários em várias ocasiões

Maria Monteiro

Jornalista

Pelo menos 450 mil palestinianos foram forçados a abandonar Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito, que tem sido o foco das operações militares israelitas nas últimas semanas, desde 6 de maio, de acordo com informações divulgadas esta terça-feira pela agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), citada pela Al Jazeera.

“As pessoas enfrentam uma situação de exaustão permanente, fome e medo. Não há nenhum lugar seguro. Um cessar-fogo imediato é a única solução possível ”, declarou a UNRWA numa publicação na rede social X.

Também nos últimos dias, Israel voltou a apertar o cerco sobre o norte de Gaza, emitindo novas ordens de evacuação para aquela zona que terão obrigado outras 100 mil pessoas a sair das suas residências, segundo o porta-voz adjunto do Secretário-Geral da ONU, Farhan Haq.

Num momento em que a fome e a falta de bens de primeira necessidade grassam no território palestiniano, as organizações de ajuda humanitária enfrentam cada vez mais dificuldades para fazer chegar mantimentos à população, encontrando-se muitas vezes, inadvertidamente, debaixo de fogo

Esta terça-feira, a organização Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que denuncia que, desde 7 de outubro, as forças israelitas terão levado a cabo pelo menos oito ataques a caravanas e instalações de trabalhadores humanitários, resume a Lusa.

Segundo a HRW, apesar de conhecerem antecipadamente as respectivas coordenadas, as autoridades israelitas não avisaram previamente nenhuma das organizações afetadas antes dos bombardeamentos, originando pelo menos 31 mortos e feridos, entre trabalhadores humanitários e acompanhantes. A organização pediu aos aliados de Israel que façam pressão sobre o país, com sanções se for necessário, para evitar que os ataques deliberados se repitam.

A ONU estima que 254 membros de organizações de ajuda humanitária foram mortos em Gaza nos 210 dias do conflito.

Outras notícias que marcaram o dia

⇢ Numa altura de particular tensão entre Israel e os EUA, que se opõem à invasão em larga escala de Rafah pelas forças israelitas, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, deverá deslocar-se a Israel e à Arábia Saudita no fim de semana, avançou o site noticioso norte-americano Axios, citando três altos funcionários americanos e israelitas não identificados. Já em dezembro, Sullivan esteve na Arábia Saudita e encontrou-se com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman para discutir a guerra em Gaza e os esforços para uma paz sustentável entre Israel e Palestina.

⇢ O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, vai ser ouvido no Parlamento sobre a situação humanitária em Gaza, numa audição pedida pelo PCP e BE e aprovada por unanimidade esta terça-feira, de acordo com a Lusa. “O Governo português deve tomar todas as iniciativas diplomáticas ao seu alcance para parar o genocídio do povo palestiniano”, lê-se no requerimento. Recorde-se que, numa entrevista ao jornal espanhol El País, o governante considerou ser “injusto” chamar “genocídio” ao que está a acontecer na Faixa de Gaza.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mmonteiro@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate