Pelo menos 450 mil palestinianos foram forçados a abandonar Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito, que tem sido o foco das operações militares israelitas nas últimas semanas, desde 6 de maio, de acordo com informações divulgadas esta terça-feira pela agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), citada pela Al Jazeera.
“As pessoas enfrentam uma situação de exaustão permanente, fome e medo. Não há nenhum lugar seguro. Um cessar-fogo imediato é a única solução possível ”, declarou a UNRWA numa publicação na rede social X.
Também nos últimos dias, Israel voltou a apertar o cerco sobre o norte de Gaza, emitindo novas ordens de evacuação para aquela zona que terão obrigado outras 100 mil pessoas a sair das suas residências, segundo o porta-voz adjunto do Secretário-Geral da ONU, Farhan Haq.
Num momento em que a fome e a falta de bens de primeira necessidade grassam no território palestiniano, as organizações de ajuda humanitária enfrentam cada vez mais dificuldades para fazer chegar mantimentos à população, encontrando-se muitas vezes, inadvertidamente, debaixo de fogo
Esta terça-feira, a organização Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que denuncia que, desde 7 de outubro, as forças israelitas terão levado a cabo pelo menos oito ataques a caravanas e instalações de trabalhadores humanitários, resume a Lusa.
Segundo a HRW, apesar de conhecerem antecipadamente as respectivas coordenadas, as autoridades israelitas não avisaram previamente nenhuma das organizações afetadas antes dos bombardeamentos, originando pelo menos 31 mortos e feridos, entre trabalhadores humanitários e acompanhantes. A organização pediu aos aliados de Israel que façam pressão sobre o país, com sanções se for necessário, para evitar que os ataques deliberados se repitam.
A ONU estima que 254 membros de organizações de ajuda humanitária foram mortos em Gaza nos 210 dias do conflito.
Outras notícias que marcaram o dia
⇢ Numa altura de particular tensão entre Israel e os EUA, que se opõem à invasão em larga escala de Rafah pelas forças israelitas, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, deverá deslocar-se a Israel e à Arábia Saudita no fim de semana, avançou o site noticioso norte-americano Axios, citando três altos funcionários americanos e israelitas não identificados. Já em dezembro, Sullivan esteve na Arábia Saudita e encontrou-se com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman para discutir a guerra em Gaza e os esforços para uma paz sustentável entre Israel e Palestina.
⇢ O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, vai ser ouvido no Parlamento sobre a situação humanitária em Gaza, numa audição pedida pelo PCP e BE e aprovada por unanimidade esta terça-feira, de acordo com a Lusa. “O Governo português deve tomar todas as iniciativas diplomáticas ao seu alcance para parar o genocídio do povo palestiniano”, lê-se no requerimento. Recorde-se que, numa entrevista ao jornal espanhol El País, o governante considerou ser “injusto” chamar “genocídio” ao que está a acontecer na Faixa de Gaza.
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