Israel responde a Biden e diz que lutará sozinho contra o Hamas, mais de 100 mil já fugiram de Rafah: guerra, dia 215
Primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu
Ronen Zvulun/Reuters
Os oficiais israelitas criticaram a decisão dos EUA de pausar entregas de armas ao seu principal aliado, devido à contínua ofensiva sobre Rafah. A cidade tem sido intensamente bombardeada e a ONU estima que cerca de mais 300 mil pessoas possam fugir nos próximos dias
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, publicou nas redes sociais um vídeo seu desta semana que parece uma resposta velada ao Presidente norte-americano, Joe Biden, em que sublinha que Israel enfrentará sozinho o movimento islamita palestiniano Hamas, se necessário.
O discurso de há alguns dias de Netanyahu foi hoje divulgado nas redes sociais, depois de a Casa Branca ter anunciado que existem alguns obstáculos para os Estados Unidos continuarem a fornecer armamento a Israel após a invasão da cidade de Rafah, situada no extremo sul da Faixa de Gaza, onde estão concentradas cerca de 1,2 milhões de pessoas (metade da população daquele território palestiniano), deslocadas devido à ofensiva militar israelita contra o Hamas.
“Digo aos líderes do mundo que nenhuma pressão, nenhuma decisão em qualquer fórum internacional impedirá Israel de se defender (...). Se Israel se vir obrigado a permanecer sozinho, Israel continuará sozinho”, declarou Netanyahu no discurso proferido no Dia do Holocausto, numa cerimónia em Jerusalém.
“Inúmeras pessoas decentes em todo o mundo apoiam a nossa justa causa (...). Derrotaremos os nossos inimigos genocidas”, afirmou o primeiro-ministro israelita.
Na sequência do anúncio da Casa Branca, alguns responsáveis israelitas, como o representante junto das Nações Unidas, Gilad Erdan, manifestaram o seu desapontamento pelo facto de tal “dar esperança” aos “inimigos de Israel”.
Está previsto que o Governo israelita se reúna para debater este alegado revés infligido pelo Governo de Biden, que ainda há alguns dias afirmou que os Estados Unidos estariam sempre ao lado de Israel, apesar das divergências.
Mais de 100 mil pessoas forçadas a fugir de Rafah
Os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas apontam para mais de 100 mil os palestinianos que foram forçados a fugir da cidade de Rafah, no sul de Gaza, devido à ofensiva israelita, o maior movimento de pessoas nos últimos meses no pequeno enclave palestiniano.
Cerca de dois milhões de pessoas foram obrigadas a abrigar-se na cidade, à medida que as forças israelitas foram bombardeando e avançando desde o norte da Faixa.
Estima-se que os números aumentem ao longo dos dias, dadas as enormes dificuldades em sobreviver na cidade, onde poucos serviços funcionam, resta pouca comida e faltam coisas “essenciais e necessárias para a vida”. “Podemos estar a falar de 300 mil nos próximos dias. Mas o problema é que não há sítio basicamente nenhum para onde essas pessoas possam ficar em segurança e que esteja equipado para oferecer bens essenciais”, lamentou um funcionário da ONU, ao The Guardian.
As condições de vida na Faixa de Gaza deterioriram-se drasticamente desde o início da invasão israelita na região, mas os últimos dias foram ainda mais difíceis. Pouca ou nenhuma comida e água chegam à população em desespero, e a Unicef repetiu esta quinta-feira que os poucos hospitais funcionais em Gaza estão a ficar sem combustível para operar.
Até esta terça-feira, foram mortas pelos bombardeamentos israelitas 35.402 pessoas, incluindo mais de 14.500 crianças e 8.400 mulheres. Segundo os dados das autoridades de saúde de Gaza, foram registados mais de 78 mil feridos, e ainda existem milhares de mortos e feridos palestinianos por retirar debaixo dos escombros dos edifícios arruinados.
> As delegações do Hamas e de Israel, que participaram em conversações indiretas no Cairo sobre uma trégua em Gaza, abandonaram hoje a capital egípcia após negociações de dois dias sem resultados aparentes, indicou a televisão estatal Al Qahera News;
> O Presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiram Israel sobre as "enormes consequências humanitárias" de uma invasão em larga escala de Rafah, sul da Faixa de Gaza, após um contacto telefónico entre os líderes;
> O movimento xiita libanês Hezbollah anunciou hoje ter bombardeado uma posição militar israelita, em represália pela morte de três dos seus membros num ataque esta manhã no sul do Líbano, na fronteira com o norte de Israel. Quatro combatentes do Hezbollah foram mortos num ataque israelita a um carro em Bafliyeh, a cerca de 15 quilómetros da fronteira com Israel, disse uma fonte de segurança libanesa à agência noticiosa France-Presse (AFP).