Guerra no Médio Oriente

Casa Branca ainda acredita que ataque iraniano está iminente e envia reforços para o Médio Oriente: a guerra no seu 189º. dia

Joe Biden e Antony Blinken
Joe Biden e Antony Blinken
Andrew Harnik

Os EUA enviaram reforços para o Médio Oriente, de forma a dar resposta a uma ameaça de ataque iraniano, que é “real e fiável”, de acordo com as autoridades norte-americanas. São as réplicas de um ataque à embaixa iraniana na Síria, e a Casa Branca acredita que o mais provável é que o Irão lance um ataque direto contra Israel, já que os iranianos têm mísseis com capacidade para o fazer. Vários países desanconselharam as viagens ao Médio Oriente por motivos de segurança. Eis os destaques do 189º. dia de guerra no Médio Oriente

A ameaça de um ataque iraniano iminente contra Israel é “real e fiável”, afirma a Casa Branca. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, acrescentou que os Estados Unidos estão a analisar a abordagem possível das suas forças na região, à luz da ameaça de Teerão, observando a situação de muito perto. Foi, por isso, anunciado o envio de reforços para o Médio Oriente. "Estamos a enviar mais meios para a região, para reforçar os esforços regionais de dissuasão e aumentar a proteção das forças norte-americanas", declarou um responsável da Defesa norte-americana que solicitou o anonimato. Nesses reforços incluem-se navios de guerra, escreve o “Wall Street Journal”.

Também Israel está a preparar-se para um possível ataque do Irão, que poderá ocorrer já esta sexta-feira ou no sábado, segundo uma fonte próxima, citada pelo mesmo diário norte-americano. De acordo com esta fonte, o Irão estará a preparar um ataque direto ao sul ou ao norte de Israel nos próximos dois dias. O WSJ refere, contudo, outra fonte segundo a qual o Governo iraniano continua a debater planos para atacar Israel e ainda não tomou uma decisão final.

A Casa Branca explicou que considera "credíveis" as ameaças do Irão a Israel e prometeu que fornecerá ao Governo israelita toda a ajuda necessária para defender-se. Os serviços secretos norte-americanos prognosticaram no início desta semana que estava iminente um ataque iraniano a alvos israelitas, mas agora indicam que o ataque será dentro das fronteiras de Israel, acrescentou o WSJ.

Vários países emitiram alertas, nos últimos dias, decorrentes das ameaças trocadas entre o Irão e Israel, após o bombardeamento de um edifício consular iraniano em Damasco. Nesta sexta-feira, a Índia aconselhou os seus cidadãos a não viajarem para o Irão e Israel até novo aviso, tendo em conta a “situação prevalecente na região”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia também declarou que os cidadãos indianos que se encontrem num daqueles países devem manter “máximas precauções de segurança e restringir os seus movimentos ao mínimo”.

França alertou os seus cidadãos para “absterem-se imperativamente de viajar nos próximos dias ao Irão, Líbano, Israel e aos territórios palestinianos”. O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stéphane Séjourné, também pediu que os familiares dos diplomatas franceses no Irão fossem retirados, e que nenhum funcionário público francês fosse enviado em missões aos países supracitados.

Já a Austrália pediu ao Irão para não aumentar as tensões no Médio Oriente. A ministra australiana dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, disse, nesta sexta-feira, que conversou com seu homólogo iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, pedindo-lhe que “usasse a sua influência na região para promover a estabilidade, e não para contribuir para a escalada”.

Pelo contrário, a China apela aos EUA a desempenharem “um papel construtivo” no Médio Oriente, depois de o seu principal diplomata, Wang Yi, ter conversado com o seu homólogo norte-americano, Antony Blinken, ao telefone. De acordo com a AFP, Blinken aproveitou a chamada para pedir a Pequim que usasse a sua influência para dissuadir o Irão de atacar Israel. O Presidente dos EUA, Joe Biden, tinha vincado, na quinta-feira, que o compromisso dos EUA em defender Israel contra o Irão é “firme”, e que não era de excluir uma intervenção norte-americana, se o Irão resolvesse atacar. Autoridades dos EUA e de países aliados temem que um ataque seja iminente e possa vir na forma de um lançamento direto de mísseis do Irão. Os EUA restringiram os movimentos dos seus diplomatas em Israel. “Por precaução, os funcionários do Governo dos EUA e seus familiares estão proibidos de viajar" fora das áreas de Telavive, Jerusalém e Beersheeva “até novo aviso”, avisou a embaixada.

O primeiro-ministro do Reino Unido considera que as ameaças de ataque do Irão são “inaceitáveis”. Tal como a Casa Branca, o gabinete de Rishi Sunak reafirmou o apoio britânico ao direito de defesa de Telavive.

A companhia aérea alemã Lufthansa prolongou a suspensão de voos para Teerão até pelo menos sábado. A Austrian Airlines está a ajustar os horários para evitar que a tripulação tenha de desembarcar para uma escala noturna. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia desaconselhou as viagens ao Médio Oriente, especialmente a Israel, ao Líbano e aos territórios palestinianos.

Outras notícias a destacar:

⇒ Os primeiros-ministros de Espanha e da Irlanda, Pedro Sánchez e Simon Harris, reiteraram que os dois países estão prontos para reconhecer a Palestina como Estado e garantiram que esse momento está "cada vez mais próximo". A Noruega também se diz preparada para reconhecer a Palestina.

⇒ Em Portugal, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse ver "com bons olhos" que a Palestina adquira o estatuto de membro pleno nas Nações Unidas, reiterando a defesa da solução dos dois Estados, Israel e Palestina, para o conflito no Médio Oriente. "Os sucessivos governos de Portugal têm sustentado nas organizações internacionais, em particular na Nações Unidas, a adoção da solução dos dois Estados. Queria acrescentar que o Governo português mantém esta posição e acrescentar mesmo que nós vemos com bons olhos a pretensão da Palestina em adquirir o estatuto de membro pleno nas Nações Unidas, que ultrapassa o de observador que tem neste momento", declarou o chefe do Executivo, num debate na Assembleia da República sobre o Conselho Europeu extraordinário da próxima semana.

⇒ O Governo da Polónia definiu a morte de um trabalhador humanitário polaco num ataque aéreo israelita na Faixa de Gaza como homicídio e exigiu o apoio de Israel a uma investigação de Varsóvia sobre o caso. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Wladyslaw Teofil Bartoszewski, disse aos deputados no Parlamento que a morte, no dia 1 de abril, de Damian Soból, 35 anos, e de seis outros trabalhadores da instituição World Central Kitchen na Faixa de Gaza foi “chocante”.

⇒ Um primeiro comboio de ajuda humanitária entrou no norte de Gaza, na quinta-feira à noite, pela nova Passagem Norte, estabelecida após a retirada das forças israelitas do sul do enclave palestiniano, anunciaram hoje as autoridades de Israel. O corredor, anunciado na quarta-feira pelo ministro da Defesa israelita, Yoav Galant, liga a cidade israelita de Zikim à cidade de As Siafa, na Faixa de Gaza.

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