“Níveis de fome catastróficos” afetam metade da população da Faixa de Gaza, ou seja, 1,1 milhões de pessoas. A ajuda está disponível, mas Israel continua a bloqueá-la: só no mês passado um total de 420 camiões com alimentos foram “recusados ou impedidos pelas autoridades israelitas”, alerta a agência da Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA na sigla em inglês). “Estamos perante uma situação de fome criada pelo homem”, descreve Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA.
A situação é particularmente preocupante no norte do enclave, onde uma em cada três crianças com menos de dois anos está gravemente desnutrida. A última vez que esta agência da ONU — a maior organização humanitária em Gaza — conseguiu entregar alimentos foi no final de janeiro. Os palestinianos no norte do território têm vivido com uma média de 245 calorias por dia desde janeiro, menos de 12% do necessário, como alertou recentemente a organização não governamental Oxfam.
“Estão a viver com menos de uma lata de feijões por dia. E os alimentos não são distribuídos de forma homogénea, pelo que temos de assumir que algumas pessoas têm vivido com substancialmente menos”, afirmou Scott Paul, diretor-adjunto para a paz e segurança da Oxfam América, em conferência de imprensa sobre a situação dos civis em Gaza, a 4 de abril. “A fome está a desenrolar-se diante dos nossos olhos”, acrescentou.
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