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Guerra no Médio Oriente

Revolta dos acossados de Gaza: “A minha mãe de 90 anos não é terrorista”

Revolta dos acossados de Gaza: “A minha mãe de 90 anos não é terrorista”
STRINGER/Reuters

Um advogado palestiniano que já foi espancado a mando do Hamas vive no sul da Faixa de Gaza com 15 parentes, tentando fugir às bombas que Israel tem lançado por cima de alvos que a comunidade internacional não aceita como militares. A ONU admite que alguns dos ataques configurem crimes de guerra. Fugir para o Egito, mesmo que venha a ser permitido a todos os palestinianos, não vai ser o destino da família Sarhan. O medo de que o regresso a casa lhes seja vedado para sempre, como aconteceu a centenas de milhares expulsos em 1948 para que Israel pudesse nascer, já está impresso no ADN dos palestinianos e Jamil vai fazer tudo para que a História não se repita

Revolta dos acossados de Gaza: “A minha mãe de 90 anos não é terrorista”

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Sacos pretos, panos ensanguentados, cobertores dobrados em forma de casulo. As fotografias e os vídeos que chegam do hospital Dar al-Shifa, em Beit Lahia, perto do campo de refugiados de Jabalia, mostram dezenas de corpos empilhados nos corredores, nos pátios e nas salas de espera. É por um desses vídeos que começa a conversa do Expresso com Jamil Sarhan, advogado de 52 anos.

Um dos seus irmãos filmou o que resta de Jabalia depois do mais recente ataque de Israel ao local onde, segundo as suas forças armadas, se escondem alguns dos principais arquitetos do 7 de outubro. Além de sangue e um mar de gente deitada, aparentemente inanimada, ouvem-se gritos a veem-se pessoas a escavar com as próprias mãos o entulho, à procura de vida debaixo de toneladas de betão.

“Crianças pequenas chegaram ao hospital com ferimentos profundos e queimaduras graves. Vieram sem as suas famílias”, disse Mohammed Hawajreh, enfermeiro dos Médicos Sem Fronteiras, no hospital Al Shifa, para onde alguns feridos mais urgentes foram enviados, citado pela organização num comunicado emitido após o primeiro ataque. “Muitos estavam a gritar e a perguntar pelos pais. Fiquei com eles até conseguirmos encontrar um lugar, pois o hospital estava cheio de pacientes”.

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