Poucas horas antes da consoada, Amir e Sara Mansour estavam a planear receber pelo menos 13 pessoas à mesa: eles os dois, onze familiares e o pequeno George, de dois anos, o filho do casal. Pelas 16h, Amir liga ao Expresso a pedir para adiar a entrevista uma hora, saiu agora de um protesto e tem de ir ver como ajudar a sua família, que decidiu, em uníssono e desespero, fugir para o Líbano.
Os protestos dos cristãos sírios (um máximo de 10% da população, e este número pode ser bem mais pequeno, segundo alguns académicos) têm sido dos mais frequentes desde que a frente rebelde contra o ex-Presidente Bashar al-Assad tomou o poder, a 8 de dezembro. Dizem ter medo da impaciência islamizadora de um movimento com raízes radicais, cujo líder, antes conhecido pelo nome de guerra Abu Mohammed al-Jolani, herdado dos tempos em que militava na al-Qaeda e na Frente al-Nusra, e agora pelo seu nome civil, Ahmed al-Sharaa. Apesar deste currículo, o recém-empossado heroi nacional é apenas parte do problema.
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