Médio Oriente

“Walkie-talkies” do Hezbollah explodem após sabotagem de pagers: há pelo menos 20 mortos e 450 feridos

Doze pessoas morreram e perto de 2800 ficaram feridas no Líbano após a explosão de milhares de pagers. Um dia depois há registo de explosões de "walkie-talkies"
Doze pessoas morreram e perto de 2800 ficaram feridas no Líbano após a explosão de milhares de pagers. Um dia depois há registo de explosões de "walkie-talkies"
Mohamed Azakir/Reuters

As explosões seguem-se às de milhares de pagers na terça-feira, que provocaram pelo menos 12 mortes e cerca de 2800 feridos na capital do Líbano e em vários pontos do país

Walkie-talkies em posse do Hezbollah explodiram esta quarta-feira nos arredores de Beirute e no sul e leste do Líbano, segundo a agência de notícias estatal libanesa e fontes próximas do grupo xiita citadas pela agência France Presse (AFP).

A AFP descreve que os aparelhos de comunicações explodiram nos subúrbios sul de Beirute, onde decorriam os funerais de membros do Hezbollah mortos no dia anterior em incidentes semelhantes com pagers, mas há relatos similares noutras regiões do país.

Segundo o Ministério da Saúde libanês, esta nova onda de detonações provocou pelo menos 20 mortos e mais de 450 feridos. As explosões na terça-feira de milhares de pagers na capital do Líbano e em vários pontos do país provocaram pelo menos 12 mortes e cerca de 2800 feridos, incluindo membros do grupo libanês pró-iraniano.

O Governo libanês e o Hezbollah acusaram Israel, mas Telavive apenas comentou que acompanha a situação no país vizinho e não assumiu responsabilidade pelo ato.

Na rede social X (antigo Twitter), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, através da conta oficial do seu porta-voz, disse estar “profundamente preocupado com os relatos de um número elevado de explosões de dispositivos de comunicação pelo Líbano, bem como na Síria”.

Guterres acrescentou que pediu que “todos os atores envolvidos exercessem contenção máxima para evitar uma escalada maior”.

O “Guardian” também avançou que foram registadas explosões em sistemas de energia solar em casas por todo o Líbano, com uma criança a ficar ferida na localidade de al-Zahrani, no sul do país.

Através da rede social X (antigo Twitter), a Cruz Vermelha no Líbano confirmou que foram mobilizadas mais de 30 ambulâncias para apoiar as autoridades de saúde a lidar com as “múltiplas explosões”, e disse que outros 50 veículos de emergência estavam em situação de alerta e prontos a ajudar.

Por sua vez, a Defesa Civil Libanesa informou em comunicado que as suas equipas participaram na extinção de incêndios que deflagraram em dezenas de edifícios e veículos devido às detonações de "dispositivos sem fios e leitores de impressões digitais".

Só na província de Nabatieh, no sul do Líbano, foram registados incêndios em 60 casas e estabelecimentos, além de 15 carros e dezenas de motas.

Centenas de cirurgias no país

De acordo com as autoridades libanesas, cerca de dois terços dos feridos na primeira vaga necessitaram de hospitalização, dos quais pouco menos de 300 estão em estado crítico, enquanto perto de 460 foram submetidos a cirurgias, principalmente nas mãos.

Entre as primeiras vítimas estão também civis, incluindo duas crianças que perderam a vida.

Os incidentes sem precedentes das últimas 24 horas suscitaram o receio da eclosão de uma guerra aberta no Líbano, associados às declarações de altos responsáveis militares israelitas a anunciar a deslocação do seu foco da guerra na Faixa de Gaza para a região fronteiriça israelo-libanesa.

Esta região tem sido palco de tiros cruzados de Israel e do Hezbollah desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 07 de outubro, entre as forças israelitas e o grupo islamita palestiniano Hamas, aliado do movimento xiita libanês.

[Notícia atualizada às 23h38]

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