O grupo extremista palestiniano Hamas atribuiu esta quarta-feira a decisão de Espanha, Irlanda e Noruega de reconhecer o Estado da Palestina à "resistência corajosa" do povo palestiniano.
"Estes reconhecimentos sucessivos são o resultado direto desta resistência corajosa e da perseverança histórica do povo palestiniano", disse Bassem Naim, membro do gabinete político do Hamas à agência francesa AFP.
Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram hoje que vão reconhecer o Estado da Palestina em 28 de maio.
O anúncio foi feito em plena guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, iniciada há mais de sete meses.
"Acreditamos que se trata de um ponto de viragem na posição internacional sobre a questão palestiniana", disse Naim, numa primeira reação do Hamas à decisão dos três países europeus.
Num comunicado que divulgou posteriormente, o Hamas afirmou que o reconhecimento é uma decisão importante para os palestinianos.
"Consideramos que se trata de um passo importante para a afirmação do nosso direito à terra e para a criação de um Estado palestiniano com Jerusalém como capital", disse o Hamas.
O grupo apelou "aos países de todo o mundo para que reconheçam" os "legítimos direitos nacionais" dos palestinianos.
O anúncio de hoje significa que a Palestina passará a ser reconhecida por 11 Estados-membros da União Europeia, dado que Espanha e Irlanda se juntarão a Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia, Suécia e Eslováquia.
Israel chama embaixadoras
Já depois de ser conhecido o anúncio de que a Espanha vai reconhecer a Palestina na próxima terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel chamou a embaixadora israelita em Espanha, Rodica Radian-Gordon, para consultas e convocou a embaixadora espanhola em Telavive, Ana Salomão.
"Decidiram atribuir uma medalha de ouro aos assassinos do Hamas", afirmou o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, em comunicado.
No mesmo documento é especificado que serão mostradas à embaixadora de Espanha em Israel as imagens do ataque do Hamas de 7 de outubro do ano passado contra território israelita.
Hoje, pouco antes dos anúncios de Oslo e de Dublin, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, também chamou os embaixadores da Irlanda e da Noruega, que neste momento se encontram fora de Israel, para consultas.
"A Irlanda e a Noruega pretendem enviar hoje uma mensagem aos palestinianos e a todo o mundo: o terrorismo compensa", afirmava Kantz numa outra nota oficial.
A decisão destes países foi tomada antes de aderirem ao bloco europeu, enquanto a Suécia reconheceu a Palestina em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas então no poder.
Nas Nações Unidas, já reconheceram unilateralmente o Estado da Palestina 137 dos 193 membros da organização, de acordo com a Autoridade Nacional Palestiniana.
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