Durante os últimos nove anos, a rota migratória pelo deserto do Níger em direção à Líbia — e daí para a costa do Mediterrâneo com direção a Itália — foi um caminho ilegal. Continuou a ser percorrido por milhares de pessoas todos os anos, mas de forma clandestina e, por isso, muito mais perigosa, tanto para quem providenciava a viagem, que poderia ir preso, como para os migrantes, que não só corriam o mesmo risco como passaram a utilizar rotas progressivamente mais afastadas de qualquer presença humana, para não serem apanhados.
Morre-se tanto nas areias douradas do deserto como nas águas límpidas do sul de Itália. É o que pensa Chehou Azizou, coordenador da organização não-governamental de assistência a migrantes em perigo Alarm Phone Sahara (APS). “Talvez até mais, só não se fala tanto sobre isso”, diz, ao telefone com o Expresso a partir da sua cidade, Agadez, ponto de partida principal desta rota. Além da Alarm Phone, Azizou é também diretor da JNSDD (Jeunesse Nigérienne au Service du Développement Durable).
As chamadas de pessoas perdidas nalguma parte do deserto ou com dúvidas sobre que destino escolher chegam aos telefones dos 12 membros da Alarm Phone “quase todos os dias”, mas os perigos da travessia diminuíram de forma significativa nos últimos meses, depois de a junta militar que governa o Níger ter voltado a permitir todas as atividades de transporte e alojamento de migrantes no deserto.
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