“Zan, Zendegi, Azadi”, em português “Mulher, Vida, Liberdade”. Foi sob este lema que milhares de iranianas saíram à rua para protestar contra a opressão exercida pelo regime teocrático desde a morte de Mahsa Amini, espancada pela polícia da moralidade por não usar corretamente o véu islâmico. Estas três palavras de ordem expressam bem o legado de Narges Mohammadi, a ativista iraniana que recebeu este domingo o Nobel da Paz, ainda que não tenha estado presente por se encontrar presa numa cela em Evin, Teerão.
“O Comité Nobel norueguês decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz de 2023 a Narges Mohammadi pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos”, destacou o comité. A cerimónia decorreu este domingo à tarde na Câmara Municipal de Oslo: o prestigiado prémio foi recebido pelos dois filhos gémeos de Mohammadi — Kiana e Ali Rahmani — que transmitiram o discurso da sua mãe (que não veem há oito anos).
“Escrevo esta mensagem por trás dos muros altos e frios de uma prisão. Sou uma mulher do Médio Oriente, de uma região que, apesar de ser herdeira de uma civilização rica, está atualmente presa na guerra e nas chamas do terrorismo e do extremismo. (...) Sou uma mulher iraniana que hoje é vítima da opressão de um regime religioso tirânico e misógino”, disse no discurso lido em francês pelos filhos de 17 anos, simbolicamente vestidos de preto.
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