Marcelo Rebelo de Sousa viveu com intensidade o primeiro dia em que participou nas exéquias de Isabel II, mas não lhe passou pela cabeça ir visitar a fila dos que esperam para entrar no velório da rainha, como fez este domingo o seu homólogo francês. Emmanuel Macron repetiu um gesto que tinham tido, na véspera, o rei Carlos III e o seu filho mais velho e herdeiro do trono, William, príncipe de Gales.
“Este é um momento pesado. Nestas ocasiões deixo de parte aquele meu lado lúdico. Há limites para a heterodoxia”, afirmou o Presidente da República, inquirido sobre o assunto num encontro com jornalistas portugueses na capital britânica. Não são para funerais, portanto, as fugas ao protocolo que tantas vezes protagoniza.
Celebrar uma história comum
O chefe de Estado explicou que na pessoa de Isabel II quis celebrar a história comum dos dois países, a velha aliança e o contributo “primeiro da Inglaterra, depois do Reino Unido” para a independência de Portugal em várias ocasiões. Recordado do Ultimato de 1890, reconheceu que “foi um momento infeliz”, mas lembrou que Portugal também reconheceu a independência dos Estados Unidos da América, no século XVIII, contra a vontade do aliado.
Marcelo regozijou-se pela reação “muito expressiva” do novo rei britânico à evocação por si do 650.º aniversário do Tratado Anglo-Português de 1373, a assinalar no próximo ano. Contou que Carlos lhe respondeu: “Mas não estamos a celebrar isso este ano? Lembro-me de ter dado o meu patrocínio!” É possível que o monarca se referisse ao Tratado de Tagilde, de 1372, que fez em 2022 a mesma idade e que foi precursor do Tratado Anglo-Português e do mais robusto Tratado de Windsor, de 1386.
O Presidente destacou a espontaneidade da reação de Carlos III, a quem aquele memória “veio imediatamente”, apesar de o encontro “não ser uma audiência formal” e de o rei ter recebido dezenas de dirigentes mundiais. Estes participarão, segunda-feira, no funeral de Estado de Isabel II, na abadia de Westminster.
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