Isabel II

Duques de Iorque ficam com os cães de Isabel II. Mas não são os corgis reais que aparecem na foto que anda a comover a Internet

Isabel II com o dorgi Candy em fevereiro de 2022, mês em que completou 70 anos de reinado
Isabel II com o dorgi Candy em fevereiro de 2022, mês em que completou 70 anos de reinado
Steve Parsons/WPA/Getty Images

Filho mais controverso da rainha falecida herda os seus amigos caninos. Foi ele, aliás, quem lhos ofereceu. Quanto à imagem que emocionou os internautas este fim de semana, tem quase 30 anos

Prova do amor que Isabel II tinha pelos seus cães, quase sempre de raça corgi — também teve alguns dorgi, cruzamento daquele com daschund —, a soberana britânica desaparecida a 8 de setembro levava-os a passear praticamente até ao fim da vida. Ainda este ano era vista nessa atividade nos jardins de Frogmore, perto do castelo de Windsor, lugar que considerava “maravilhosamente relaxante”.

A rainha tinha, à hora da sua morte, quatro cães, dos quais só dois são corgis. Não se trata, pois, dos quatro animais que surgem numa foto que fez furor nas redes sociais durante o fim de semana passado. A imagem, que suscitou comentários profundos sobre a suposta tristeza dos animais (como a que pode ver-se no tweet reproduzido abaixo), data afinal de 1993. Mostra os cães da rainha-mãe a serem retirados de um avião carregados por funcionários vestidos de preto.

A foto mostra, de facto, um regresso normal e trivial a casa, em Londres, depois de férias na Escócia. A dona daqueles cães só viria am morrer em 2002.

Voltando agora a 2022, os canídeos que Isabel II deixou foram entregues ao príncipe André, seu terceiro filho e também o mais polémico dos quatro. Envolvido num escândalo devido à sua amizade com o milionário americano Jeffrey Epstein, que encabeçava uma rede de abuso sexual de menores e morreu na cadeia em 2019, André viu-se afastado de funções oficiais.

Acontece que foi ele quem ofereceu os últimos cães à progenitora. Já nonagenária, a chefe de Estado decidira deixar de ter cães, por não querer deixar nenhum para trás quando morresse. No entanto, em 2021, durante o confinamento, o filho trouxe-lhe dois, encontrados pela sua ex-mulher, Sarah Ferguson. Esta continua a viver com André em Windsor, 26 anos depois de se terem divorciado.

Capa da revista “Vanity Fair” em 2016
D.R.

Presente dos 18 anos

A primeira corgi que Isabel II teve foi Susan, que os pais — o rei Jorge VI e a sua mulher, Isabel Bowes-Lyon, conhecida durante o reinado da filha como a rainha-mãe — lhe deram pelos seus 18 anos, em 1944. A ainda princesa gostava muito de Dookie, o corgi do pai, e pedira para ter um. Entre os mais de 30 cães que teve ao longo da vida, muitos eram descendentes de Susan.

O último dessa linhagem foi Willow, que morreu em 2018. Sobraram então à monarca dois dorgis, Candy e Vulcan, desaparecido em 2020 após ter aparecido na capa da revista “Vanity Fair” ao colo da rainha. Isabel escolhera não fazê-los procriar, para que nenhum cão lhe sobrevivesse.

Os corgis da rainha passaram a fazer parte da cultura popular e até já foram tema de um filme de animação, em 2019, com o título “Cai na Real, Corgi”. As aventuras dos bichos incluem uma visita oficial a Londres do então Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em 2021, porém, foi “uma alegria constante” passar a ter os novos cães cães ofertados por André, contou a estilista da rainha, Angela Kelly. Isabel chamou-lhes Fergus e Muick, o primeiro em homenagem a um seu tio morto na I Guerra Mundial, o segundo batizado com o nome de um lago em Balmoral. Doente cardíaco, Fergus durou apenas cinco meses. Mas o filho depressa o substituiu por outro, de nome Sandy, quando Isabel fez 95 anos.

São os corgis Muick e Sandy, o dorgi Candy e ainda e o springer spaniel Lizzie que vão viver com André e Sarah. A duquesa de Iorque (título que continua a usar) chegou a passear os cães com a rainha, escreve “The Telegraph”, próximo do palácio. “A duquesa partilhava com Sua Majestade os passeios com cães e o montar a cavalo. Mesmo depois do divórcio, manteve uma grande amizade com Sua Majestade. Iam passear os cães em Frogmore e conversavam”, diz a fonte citada pelo jornal londrino.

Ferguson voltou a passar verões com a família real em Balmoral, na Escócia, em 2021, depois da morte do príncipe Filipe, marido de Isabel II. Este não lhe perdoava o escândalo causado em 1992, quando — estando a família de férias na residência escocesa — foram publicadas fotografias de ‘Fergie’ com um amante, John Bryan, que lhe chupava os dedos dos pés. Sem a objeção de Filipe, a duquesa esteve em Balmoral com as filhas, Beatrice e Eugenie.

Durante a celebração dos 70 anos de reinado de Isabel II, um espetáculo luminoso com drones formou a cabeça de um corgi por cima do palácio de Buckingham
Joe Giddens/PA Images/Getty Images

Em junho passado, durante o Jubileu de Platina de Isabel II (festa dos 70 anos de reinado), houve um espetáculo luminoso com drones a seguir a um concerto na praça diante do palácio. Entre as figuras desenhadas no céu pelos aparelhos voadores estiveram o perfil da rainha, a sua mala, o bule de chá e, não podia deixar de ser, um corgi.

Desde a morte da soberana, muitos dos que se deslocam aos locais onde lhe está a ser prestada homenagem levam consigo cães da mesma raça. Também são omnipresentes entre os souvenirs vendidos em lojas para turistas em todo o Reino Unido.

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