"Muitos nunca conheceram o país sem ela": líderes de todo o mundo choram a morte da rainha que definiu uma era
A rainha morreu aos 96 anos, depois de sete décadas de reinado
Bettmann
Da Rússia à Ucrânia, da Venezuela aos Estados Unidos, não houve divisões na hora de homenagear Isabel II, que morreu nesta quinta-feira, aos 96 anos. Líderes de todo o mundo lembram que a monarca foi uma figura incontornável do último século e que “definiu uma era”
Líderes de todo o mundo, entre Presidentes, primeiros-ministros e monarcas, fizeram questão de prestar homenagem à vida e legado de Isabel II, lembrando que o reinado de 70 anos abrangeu alguns dos momentos mais difíceis e decisivos da história moderna britânica e mundial. O sentido de dever da monarca, que morreu nesta quinta-feira, aos 96 anos, a sua firmeza e a sua constância foram os aspetos mais enaltecidos, mas também houve quem lembrasse o sentido de humor marcadamente britânico.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, e a primeira-dama norte-americana, Jill Biden, emitiram uma nota conjunta: "Sua Majestade a rainha Isabel II foi mais do que uma monarca. Ela definiu uma era." Os representantes norte-americanos também realçaram que, num mundo em constante mudança, Isabel II foi “uma presença constante e uma fonte de conforto e orgulho para gerações de britânicos, incluindo muitos que nunca conheceram o seu país sem ela”.
A rainha foi, segundo os Bidens, “uma estadista de dignidade e constância incomparáveis”, tendo suportado “os perigos e privações de uma guerra mundial ao lado do povo britânico” e tendo reunido todos "durante a devastação de uma pandemia mundial, na esperança de que dias melhores surgiriam à frente”.
Em contraste, minutos após o anúncio da morte da rainha, o Presidente de França, Emmanuel Macron, resolveu poupar nas palavras, limitando-se a publicar uma simples fotografia da rainha na sua conta no Twitter. Instantes depois, escreveu: “Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II incorporou a continuidade e a unidade da nação britânica por mais de 70 anos. Lembro-me dela como uma amiga de França, uma rainha de bom coração que deixou uma impressão duradoura no seu país e no seu século.”
O Presidente russo, Vladimir Putin, apresentou condolências ao rei Carlos III e elogiou o papel da rainha Isabel II no “palco mundial”. "Durante muitas décadas, Isabel II desfrutou, com justiça, do amor e do respeito dos seus súbditos, bem como de uma autoridade no palco mundial", salientou o chefe de Estado russo, num comunicado divulgado pelo Kremlin.
"Os eventos mais importantes da história recente do Reino Unido estão inextricavelmente ligados ao nome de Sua Majestade", salientou Vladimir Putin, enviando condolências ao novo rei do Reino Unido, filho de Isabel II. “Desejo-lhe coragem e resiliência diante desta perda difícil e irreparável. Peço-lhe que transmita as minhas sinceras palavras de solidariedade e apoio aos membros da família real e a todo o povo britânico.”
Isabel II e Putin, em 2003
Anwar Hussein
Michael D Higgins, Presidente da Irlanda, descreveu a monarca como “uma amiga notável da Irlanda” e ofereceu condolências à família real. “Sua Majestade serviu o povo britânico com dignidade excecional”, elogiou o chefe de Estado irlandês. “O seu compromisso pessoal com o seu papel e o seu extraordinário sentido de dever foram as marcas do seu período como rainha, que ocupará um lugar único na história britânica.”
O líder irlandês também enalteceu que Elizabeth II tenha estabelecido "uma base firme para um entendimento autêntico e ético entre os dois países” e que se tenha recusado a “fugir das sombras do passado”, quando visitou o país em 2011.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, definiu a rainha como “uma presença constante nas nossas vidas” e garantiu que os seus compatriotas sempre “lembrariam e apreciariam a sabedoria, a compaixão e a hospitalidade de Sua Majestade”.
Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, fez questão de referir que Isabel II será lembrada como “uma fiel dos nossos tempos” que “personificava a dignidade e decência na vida pública”. O Presidente do Paquistão, Arif Alvi, ofereceu as suas “sinceras condolências à família real, ao Governo e ao povo da Reino Unido pelo triste falecimento da rainha Elizabeth II, a segunda monarca com mais tempo de reinado na História britânica".
Recep Tayyip Erdoğan, Presidente da Turquia, também revelou estar triste com a morte da rainha, e enviou as suas mais profundas condolências à família real, ao povo e ao Governo do Reino Unido.
Já a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou que as bandeiras serão hasteadas a meia-haste e que serão organizados os preparativos para os serviços memoriais de Estado. “Sei que falo pelas pessoas de toda a Nova Zelândia quando ofereço asmais profundas condolências aos membros da família real pelo falecimento da rainha”, disse Ardern. “Para nós ela era uma monarca muito admirada e respeitada; para eles, ela era mãe e avó.”
O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, expressou a sua "grande e profunda tristeza", e dirigiu-se às pessoas do Reino Unido, que “lamentam a perda da sua amada rainha e matriarca”.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar "profundamente triste" com a morte da rainha Isabel II, prestando uma homenagem à sua "dedicação longa e inabalável" em servir o seu povo. “Estou profundamente triste com o falecimento de Sua Majestade a Rainha Elizabeth II [Isabel II], Rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Estendo as minhas sinceras condolências à sua família enlutada, ao Governo e ao seu povo e à Comunidade das Nações mais ampla.” Com o reinado mais longo do Reino Unido, a rainha "era amplamente admirada pela sua graça, dignidade e dedicação em todo o mundo", referiu Guterres.
O secretário-geral das Nações Unidas considerou que Isabel II foi uma "presença tranquilizadora" ao longo de décadas de "mudanças radicais, incluindo a descolonização da África e da Ásia e a evolução da 'Commonwealth'".
Encontro entre líderes da Europa e da Ásia
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O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, expressou as suas condolências, e descreveu a rainha como “a protagonista absoluta da História mundial nos últimos 70 anos” e uma mulher que representou o Reino Unido e a Commonwealth com justiça, equilíbrio, sabedoria e respeito. “Ela garantiu estabilidade em tempos de crise e soube manter vivo o valor da tradição numa sociedade em constante e profunda evolução”, acrescentou.
O rei de Espanha, Felipe VI, destacou o "sentido de dever" e o "legado sólido" da rainha de Inglaterra Isabel II, que morreu esta quinta-feira, aos 96 anos. "O seu sentido do dever, empenho e toda uma vida dedicada a servir o povo do Reino Unido e da Irlanda do Norte constituem um exemplo para todos nós e permanecerão como um legado sólido e valioso para as gerações futuras", escreveu Felipe VI, num telegrama enviado ao filho mais velho de Isabel II e novo Rei do Reino Unido, Carlos III.
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A rainha Isabel II "testemunhou, escreveu e moldou, sem dúvida, muitos dos capítulos mais relevantes da História" do mundo "durante as últimas sete décadas", acrescentou o chefe de Estado espanhol, no telegrama em que envia condolências à família real britânica em nome do povo e do Governo de Espanha.
Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, prestou homenagem à “figura de importância global, testemunha e autora da História britânica e europeia”. Por seu lado, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, recordou uma monarca que “combinou um forte sentido de dever e determinação inabalável com um toque leve e sentido de humor”.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, expressou as mais “sinceras condolências” em nome do povo ucraniano pela “perda irreparável”. Numa publicação na rede social Twitter, o Presidente ucraniano disse que “foi com profunda tristeza” que soube da morte da monarca britânica. Em nome do povo ucraniano, Volodymyr Zelensky expressou as sinceras condolências à família real, a todo o Reino Unido e aos países da Commonwealth por esta “perda irreparável”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestou "profunda tristeza" pela morte da Rainha de Inglaterra, Isabel II, aos 96 anos, considerando que foi uma "âncora de estabilidade" nos tempos mais difíceis.
"É com profunda tristeza que tomei conhecimento do falecimento de Sua Majestade a Rainha Isabel II. Foi a chefe de Estado há mais tempo ao serviço do mundo e uma das personalidades mais respeitadas a nível mundial", escreveu Ursula van der Leyen numa publicação na sua conta oficial na rede social Twitter.
As casas reais sueca e norueguesa lamentaram a morte da rainha Isabel II, destacando a “dedicação” e “sentido de dever”.
“A rainha serviu os seus países e a sociedade com uma dedicação única e sentido de dever. Esteve presente de forma constante, não só na sociedade britânica como também a nível internacional”, refere o rei sueco Carlos Gustavo num comunicado, em que destaca a “querida parente” e a “boa amiga” da família.
O rei Philippe e a rainha Mathilde, da Bélgica, declararam: “Sempre guardaremos boas lembranças desta grande senhora, que, ao longo do seu reinado, mostrou dignidade, coragem e devoção. O Reino Unido perdeu uma monarca excecional que deixou uma marca profunda na História.”
Barack Obama, antigo Presidente dos Estados Unidos de 2009 a 2017, saudou o reinado de Isabel II, definido pela "graça, elegância e um sentido de dever inalterável".
O Papa Francisco também lamentou a morte da rainha Isabel II e assinalou o seu “serviço incansável pelo bem” do seu país e o seu “exemplo de devoção ao dever”.
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O Sumo pontífice também assegurou que vai rezar pelo seu filho “ao assumir agora as suas altas responsabilidades" à frente do Reino Unido com o nome de Carlos III. “Profundamente entristecido pela notícia do falecimento se Sua Majestade a Rainha Isabel II, ofereço as minhas mais sentidos condolências a Sua Majestade, aos membros da Família Real, ao povo do Reino Unido e da Commonwealth”, indicou o pontífice em telegrama dirigido ao novo soberano.
Os Rolling Stones apresentaram os “profundos sentimentos” à família de Isabel II pela morte rainha do Reino Unido, aos 96 anos, considerando que foi “uma presença constante nas vidas de inúmeras pessoas”.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, lamentou a morte da rainha e enviou condolências à família real e ao povo britânico. “A República Bolivariana da Venezuela lamenta a morte da Rainha Isabel II de Inglaterra, monarca britânica”, escreveu Nicolás Maduro numa mensagem na sua conta da rede social Twitter.
A primeira-ministra britânica, que se reuniu com a rainha em Balmoral na terça-feira para lhe pedir que formasse Governo, falou, em frente à sede do Executivo, e disse que a morte de Isabel II é “um enorme choque para a nação e o mundo”.
Truss descreveu a rainha como a “rocha sobre a qual a Grã-Bretanha moderna foi construída” e como alguém que encarna “o próprio espírito do Reino Unido”.
O antigo primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que também esteve com a rainha Isabel II na terça-feira para lhe apresentar a demissão, publicou no Twitter uma longa reação à sua morte.“Este é o dia mais triste do nosso país. No coração de cada um de nós há uma dor pelo falecimento da nossa Rainha, um sentimento profundo e pessoal de perda - muito mais intenso, talvez, do que esperávamos”, escreveu Johnson. “Ela parecia tão atemporal e tão maravilhosa que receio que tivéssemos chegado a acreditar, como crianças, que ela continuaria a viver."
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, anunciou que o Parlamento Europeu fará justiça ao luto da Europa, mantendo as bandeiras a meia-haste, em homenagem à “vida e legado” de Isabel II, que “será lembrada como uma das grandes líderes da História”.
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