Isabel II

As reações em Portugal à morte de Isabel II: Marcelo vai ao funeral e diz que rainha foi "exemplo de coragem, dedicação, estabilidade",

As reações em Portugal à morte de Isabel II: Marcelo vai ao funeral e diz que rainha foi "exemplo de coragem, dedicação, estabilidade",
MANUEL DE ALMEIDA

Chefe de Estado português escreveu ao novo rei deixando a “profunda e sincera consternação” do povo português pela morte de Isabel II. A carta foi publicada no site da Presidência, enquanto Marcelo falava já em direto na RTP. Tom geral foi de pesar e de admiração pelo percurso da monarca

Poucos minutos depois da notícia do falecimento da rainha Isabel II, o Presidente da República de Portugal dirigiu uma carta ao novo Rei do Reino Unido, Carlos III, manifestando “profunda e sincera consternação” e “um imenso pesar” com que tomou conhecimento da morte.

Nessa carta, que publicou no site da Presidência, Marcelo entrega “em nome do Povo português e no meu próprio, os meus sinceros pêsames” pela perda sofrida, assegurando que “Sua Majestade a Rainha Isabel II permanecerá para todos um exemplo de coragem, de dedicação, de estabilidade e de inabalável sentido de serviço público, como o foi ao longo dos seus mais de 96 anos de vida e 70 anos de reinado”.

“Para Portugal e para todos os Portugueses”, frisa o Presidente português, “perdurarão na memória de cada um de nós, com inquestionável carinho e apreço, as visitas que a Rainha Isabel II realizou ao nosso país, em 1957 e 1985”. E acrescenta: “Para mim, pessoalmente, não poderei esquecer a honra do encontro mantido aquando da minha deslocação a Londres, já em 2016”.

À mesma hora da publicação da nota, Marcelo falava também na RTP sobre Isabel II. "Era de uma sabedoria, de uma inteligência, de uma determinação, de uma coragem física e psíquica ilimitadas. Marcou parte significativa do século XX e ainda as primeiras décadas deste século XXI", disse o Presidente em direto do Brasil, onde está em visita oficial.

Marcelo sublinhou “a capacidade de entender os grandes políticos internacionais: como ela gostava de dizer, tinha conhecido vários presidentes norte-americanos, vários líderes soviéticos, chineses, tinha privado com dezenas de líderes europeus, africanos, também sul-americanos, asiáticos. Até pelo seu papel chave na comunidade de língua inglesa, não houve no século XX quem tivesse uma experiência tão rica. E em mundos tão diferentes como foi o do pós-guerra de crença num crescimento ilimitado, de crença, da queda do Muro e fim da era soviética, e agora desta era marcada pela crise do multilateralismo”. Foi, assim, “um fator de unidade” e “soube acompanhar as mudanças” dos tempos.

Marcelo, que espera agora que Carlos III “tenha um mandato tão feliz como a sua mãe”, confirmou também a presença nas cerimónias fúnebres. O chefe de Estado lembrou que o Reino Unido é “o mais antigo aliado português” e “só podia ser o chefe de Estado a estar presente em representação dos portugueses” no funeral de Isabel II.

Costa diz que Isabel II "marcou a história britânica"

Igualmente em Brasília, o presidente da Assembleia da República de Portugal, Augusto Santos Silva, enalteceu "a enorme contribuição da rainha Isabel II para a democracia britânica" e considerou que a sua morte "é uma perda muito grande também para Portugal".

"Eu lamento muito o falecimento da rainha Isabel II, ao fim de 70 anos de reinado, ao fim de uma vida longa, em que ela personificou melhor que ninguém o monarca de uma monarquia constitucional", declarou Augusto Santos Silva aos jornalistas, num hotel de Brasília.

O primeiro-ministro António Costa reagiu via Twitter, enviando “as minhas sentidas condolências à família real e ao povo do Reino Unido”.

Por sua vez, o presidente do PSD, Luís Montenegro, fala num “legado ímpar, pela longevidade e sentido de Estado com que exerceu o seu reinado”.

Cavaco elogia exemplo de serviço que deve guiar quem exerce funções públicas

O antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, prestou esta quinta-feira homenagem à rainha Isabel II, enaltecendo o seu “sentido de dever e serviço” ao longo de um “reinado ímpar”, cujo exemplo “deve guiar todos os que exercem funções públicas”.

MIGUEL A. LOPES/Lusa

“Neste momento histórico e de grande pesar, presto a minha homenagem a Isabel II, cujo exemplo de dedicação e serviço deve guiar todos os que exercem funções públicas”, pode ler-se numa nota assinada por Cavaco Silva enviada à agência Lusa, poucas horas depois do anúncio da morte da monarca britânica.

Para o antigo chefe de Estado português, “a partida da Rainha Isabel II, no fim de um reinado ímpar em transformações sociais, económicas e políticas na Europa e no Mundo”, é um momento para se refletir “sobre o sentido profundo de serviço que marcou a sua vida, em que relevou uma notável sabedoria”.

O olhar dos partidos

Em nota de pesar enviada às redações, o PS descreve a Rainha Isabel II como alguém “profundamente devotada ao seu dever”, que “se comprometeu desde cedo a servir o seu povo e se tornou um símbolo de unidade e coragem, mesmo nos momentos mais conturbados da história do seu país e do mundo”.

O Chega lamenta a morte da monarca “com o maior reinado da história do Reino Unido e um dos mais longos reinados do mundo”: “A tenacidade e sabedoria de Isabel II são virtudes que enobrecem o seu longo reinado e que o mundo pôde confirmar através da forma como a monarca lidou com inúmeras mudanças políticas”, nota o partido em nota enviada às redações.

Inês de Sousa Real, porta-voz e deputada única do PAN, endereçou “sentidas condolências à família, ao Governo e ao povo britânico”. “Chega ao fim um dos reinados mais longos e levado a cabo por uma mulher, que teve também momentos determinantes na história”, acrescenta.

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