Um ano de guerra na Ucrânia

Resistir sem armas: como um grupo de civis fez frente à ocupação de Kherson

24 fevereiro 2023 23:28

Ana França

Ana França

texto, enviada à Ucrânia

Jornalista da secção Internacional

Ana Baião

Ana Baião

Fotografia, enviada à Ucrânia

Fotojornalista

Em maio de 2022 começou a circular um jornal clandestino em Kherson, com informação sobre as vitórias ucranianas noutras zonas do país. Andriy e Lilia pintavam slogans antiocupação pelas ruas. Ele foi torturado por isso

Resistência civil. A cidade ucraniana foi conquistada em menos de uma semana: os russos entraram pela Crimeia e os poucos militares que lá havia nada puderam fazer

24 fevereiro 2023 23:28

Ana França

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Jornalista da secção Internacional

Ana Baião

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Fotografia, enviada à Ucrânia

Fotojornalista

Uma dieta diária de macarrão, água e choques elétricos. Segundas, quartas e sábados nos ouvidos; terças, quintas, sextas e domingos nos órgãos genitais. Andriy Andryushchenko tem esta e outras piadas sobre o período de 47 dias em que foi torturado numa das prisões que os russos usaram para castigar a resistência civil, que se dissolve nos rostos comuns, cresce e esconde-se em qualquer lado. Não voltou a pôr todos os dentes que lhe arrancaram, para tal precisa de uma soma considerável. Já pôs um na frente, os outros não se veem, nem sabe quantos são.

Andriy está de colete antibalas pejado de insígnias oficiais, é um orgulhoso membro da administração militar de Kherson, diretor do departamento de auxílio humanitário. Antes da guerra era o que se pode chamar um empresário da noite, ocupação que lhe serviu de disfarce por um tempo. Tem 28 anos e “um destino mutilado”, diz.