Há um ano, quando a invasão russa da Ucrânia começou, e noticiávamos o êxodo das famílias rumo a cidades fronteiriças como Lviv e as despedidas dolorosas que então tiveram lugar, assim como as primeiras baixas civis, era difícil acreditar que uma nova guerra estivesse a acontecer em território europeu — onde, à exceção do conflito dos Balcãs em 1992, tinha-se conseguido manter a paz desde o final da II Guerra Mundial.
Cá estávamos, na Europa e no mundo, a tentar compreender os acontecimentos, porquê, quem, onde, como, para quê. E para dar vazão às centenas de perguntas diárias que surgiam na cabeça de cada um de nós, o ano editorial saldou-se num considerável conjunto de publicações que tentavam oferecer respostas ou ferramentas para continuarmos a interrogar.
Premonitoriamente, em fevereiro de 2022, a Bertrand publicava “Gulag”, o livro com o qual a jornalista Anne Applebaum ganhou o Prémio Pulitzer em 2004: a reconstituição histórica do que foi, em diferentes períodos, a vida nos campos de concentração soviéticos, a partir de memórias dos prisioneiros e de documentação inédita. Quase ao mesmo tempo, saía “Uma Breve História da Rússia” (Dom Quixote), de José Milhazes, formado em História pela Universidade de Moscovo e correspondente de vários meios portugueses naquela cidade, que concentrava em quase trezentas páginas a densidade histórica de uma nação desde o tempo dos eslavos até aos nossos dias. Estava lançado o tema — desconhecia-se até quando.
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