Guerra na Ucrânia

Zelensky alerta que Putin se prepara para atacar outro país europeu

Zelensky alerta que Putin se prepara para atacar outro país europeu
Michael M. Santiago

Tensão entre Rússia e Europa cresce. Ucrânia teme novos ataques do Kremlin. Drones russos avistados sobre importantes bases militares da Noruega e Dinamarca

Zelensky alerta que Putin se prepara para atacar outro país europeu

Hugo Franco

Jornalista

Volodymyr Zelensky alertou que Vladimir Putin irá atacar outro país europeu, expandindo dessa forma a guerra na Ucrânia. O presidente ucraniano acusou a Rússia de estar a promover a incursão com drones em vários países europeus, que, segundo Kiev, são uma tentativa de testar as defesas da NATO.

Falando em Kiev depois de uma reunião com o presidente dos EUA Donald Trump na ONU, em Nova Iorque, Zelensky disse que a Rússia se prepara para um conflito maior. "Putin não vai esperar para terminar a sua guerra na Ucrânia. Ele vai abrir outra frente. Ninguém sabe onde. É isso que ele quer", afirmou, citado pelo jornal "The Guardian".

O presidente ucraniano afirmou ainda que o Kremlin estava deliberadamente a testar a capacidade da Europa de proteger o seu espaço aéreo, após avistamentos de drones na Dinamarca, Polónia e Roménia e a violação do espaço aéreo da Estónia por caças russos. Mais drones foram avistados na sexta-feira à noite sobre uma base militar dinamarquesa e sobre uma base norueguesa no sábado.

Zelensky sugeriu que os governos da UE estavam com dificuldades em lidar com esta nova ameaça. No início deste mês, a Ucrânia avistou 92 drones voando em direção à Polónia de forma “coreografada”. A maioria deles foi interceptada. Dezenove cruzaram o território polaco, onde os polacos abateram quatro.

"Não estou a comparar as nossas forças. Estamos em guerra e eles [a Polónia] não estão", afirmou. Zelensky disse ainda que representantes de vários países não identificados iriam viajar para a Ucrânia para receber "treino prático" sobre como repelir ataques aéreos russos. "Estamos prontos para partilhar a nossa experiência", acrescentou.

Dinamarca e Noruega detetam drones russos

Entretanto, drones não identificados foram avistados sobre importantes bases militares na Dinamarca e na Noruega, o mais recente de uma série de avistamentos que, segundo as autoridades, podem estar ligados à Rússia.

Na sexta-feira à noite, drones foram avistados sobrevoando instalações militares dinamarquesas, incluindo Karup, a maior base do país, enquanto a vizinha Noruega também investigava "possíveis avistamentos de drones" no início da manhã de sábado, perto da sua maior base militar, Orland.

O ministro do Interior da Alemanha disse que quer autorizar as suas forças armadas para abater drones suspeitos, enquanto os líderes da UE deverão reunir-se em Copenhaga, na Dinamarca, na próxima semana e discutir como melhorar as defesas da Europa e apoiar a Ucrânia.

União Europeia quer muralha anti-drone

A União Europeia vai avançar com a criação de uma "parede de drones" para reforçar a sua defesa aérea e se proteger de possíveis ameaças russas, noticiou o "The Guardian". Nas últimas semanas, aviões de guerra russos invadiram os espaços aéreos de Polónia, Dinamarca, Roménia e Estónia.

Após a reunião realizada com ministros de dez países europeus, além da Ucrânia, o comissário de defesa da União Europeia, Andrius Kubilius, anunciou que esta medida é uma prioridade para proteger o espaço aéreo do leste do continente europeu, que está próximo do país governado por Vladimir Putin. Segundo Kubilius, é necessário possuir um sistema de identificação eficaz, assim como capacidade para intercetar e destruir aeronaves.

Recentemente, a Dinamarca foi alvo de ataques russos em quatro aeroportos do país. A Polónia também foi alvo de drones russos, abatendo um avião que estava a sobrevoar órgãos governamentais.

Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, já afirmou que apoia o abate de aviões militares que invadam o espaço aéreo da NATO. O Kremlin, por sua vez, entende que esta atitude seria "irresponsável".

A declaração de Trump surge num momento em que o chefe de Estado mudou sua visão sobre o conflito na Ucrânia. Quando assumiu o Governo, o republicano entendia que seria fácil terminar a guerra, prometendo durante a campanha que faria isso em 24 horas. No entanto, após meses sem sucesso, admitiu estar "desiludido" com Putin.

A proximidade entre o Presidente norte-americano e o líder russo desvaneceu-se. Trump chegou a fazer críticas públicas a Zelensky, inclusive aquando da visita do homólogo ucraniano à Casa Branca este ano. Durante meses, Trump defendeu que Kiev deveria fazer concessões para chegar a um acordo com Moscovo.

Agora, porém, a postura do republicano é diferente. O Presidente dos EUA chamou à Rússia "tigre de papel" numa publicação nas redes sociais, ironizando o poder do exército que combate na Ucrânia. Além disso, admitiu pela primeira vez a possibilidade de Kiev recuperar todos os territórios perdidos durante o conflito.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate