“A melhor coisa que os americanos poderiam fazer para ajudar Vladimir Putin neste momento era colocar Volodymyr Zelensky sob ainda mais pressão, para ceder e aceitar este acordo desvantajoso.” Jamie Shea, antigo vice-secretário-geral adjunto para os Desafios Emergentes de Segurança da NATO, já o antecipava, e, nas últimas horas, Donald Trump veio confirmá-lo. O Presidente dos Estados Unidos e os seus principais conselheiros exigiram que a Ucrânia concordasse com uma proposta elaborada pelos Estados Unidos, que, na sua essência, concederia à Rússia todo o território conquistado na guerra, e que impediria explicitamente a Ucrânia de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte. Também implicaria o reconhecimento, por parte dos EUA, da tomada da Crimeia por parte da Rússia, em 2014.
Aquele acordo “permitiria à Rússia consolidar o controlo de aproximadamente 20% do território da Ucrânia e, mesmo sem um controlo ‘de jure’, a situação seria muito desagradável tanto para a Europa como para Kiev”, aponta o historiador militar Emil Kastehelmi, do grupo Black Bird, em declarações ao Expresso. (Isto é, significaria aceitar a administração russa sobre estas áreas na prática, mesmo que não em princípio.) “No pior cenário, este acordo apenas plantaria as sementes para um conflito futuro, uma vez que a situação ‘de jure’ no leste da Ucrânia permaneceria obscura, sem uma solução clara. A Ucrânia não seria realmente capaz de se transformar numa sociedade em tempo de paz, pois teria de preparar-se constantemente para os riscos futuros.”
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