Guerra na Ucrânia

Embaixadora da Ucrânia em Portugal foi ao Parlamento: “Não vemos que a Rússia esteja preparada para iniciar negociações”

Maryna Mykhailenko, embaixadora da Ucrânia em Portugal
Maryna Mykhailenko, embaixadora da Ucrânia em Portugal
TIAGO PETINGA

Maryna Mykhailenko disse na Assembleia da República que Ucrânia "rejeita em absoluto as condições impostas pelo Presidente russo para um cessar-fogo", nomeadamente a retirada de Kiev de quatro regiões ocupadas por Moscovo

A embaixadora da Ucrânia em Portugal garantiu hoje que não há nenhuma proposta concreta dos Estados Unidos para negociar a paz entre Kiev e Moscovo, mas sublinhou que as pré-condições apresentadas pela Rússia são inaceitáveis.

A Ucrânia "rejeita em absoluto as condições impostas pelo Presidente russo para um cessar-fogo", nomeadamente a retirada de Kiev de quatro regiões ocupadas por Moscovo, disse Maryna Mykhailenko no parlamento português, onde foi ouvida pelas comissões parlamentares da Defesa e dos Assuntos Europeus.

"Não há nenhuma proposta oficial dos Estados Unidos [para negociar um cessar-fogo], só sabemos as coisas que lemos na imprensa", afirmou Maryna Mykhailenko, acrescentando que, por isso, "é cedo para discutir propostas".

Lembrando que, para a Ucrânia, o objetivo é que haja "uma paz duradoura", a embaixadora admitiu que os representantes do país estão prontos para discutir "qualquer proposta".

No entanto, "as negociações têm de respeitar os princípios da carta das Nações Unidas e a soberania e integridade do território", sublinhou.

"Não vemos que a Rússia esteja preparada para iniciar negociações", disse, reiterando que as suas "pré-condições para se sentar à mesa são inaceitáveis".

O Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que ordenaria imediatamente um cessar-fogo na Ucrânia se Kiev se retirasse de quatro regiões ocupadas ou anexadas unilateralmente -- Kherson, Zaporijia, Donetsk e Luhansk - por Moscovo e renunciasse aos planos de adesão à NATO.

"Espero que depois das reuniões que estão agendadas com os representantes da União Europeia e do meu presidente possam a aparecer propostas concretas", acrescentou, referindo que as pré-condições da Ucrânia são muito claras.

"Temos de ter garantias de uma paz duradoura e de segurança. E é muito importante que haja sanções [para os responsáveis pela guerra] e que seja combatida a desinformação", afirmou, reiterando as exigências de Kiev para a integração do país na União Europeia (UE) e na NATO.

"A integração na UE e na NATO é a melhor solução. Percebemos que durante a guerra não nos podemos tornar membros, mas é muito importante receber os convites", referiu a embaixadora ucraniana.

Maryna Mykhailenko defendeu ainda estar convencida que a segurança da Europa não estará nunca completa até que Ucrânia entre na UE e na NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

"A Rússia quer destruir completamente a Ucrânia, acha que é uma ameaça ao seu regime, porque é democrática. Putin quis fazer uma reunião com Hungria, a Roménia e a Polónia para discutir uma divisão em três da Ucrânia", lembrou.

A diplomata fez ainda questão de agradecer a Portugal por ser "um dos mais fortes apoiantes da Ucrânia, apensar da distância" que separa os dois países, lembrando que Portugal tem contrinuído militar e finaceiramente.

Além disso "apoia fortemente a nossa integração [nas instituições euro-atlânticas], e sentimos sempre o vosso apoio na cena internacional", disse, agradecendo também o acolhimento de muitos ucranianos em fuga da guerra.

A Rússia lançou, a 24 de fevereiro de 2022, uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, justificando com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.

Desde o início da guerra, a Rússia declarou a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, de onde Kiev exige a retirada imediata, assim como da Península da Crimeia, anexada em 2014.

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