Guerra na Ucrânia

Moscovo alerta moradores de Kursk para não usarem aplicações de encontros; 120 mil russos fogem das zonas fronteiriças (909º. dia de guerra)

Província de Kursk
Província de Kursk
The Washington Post

As autoridades russas temem que as tropas ucranianas obtenham informações secretas na província de Kursk através de sistemas de vigilância e aplicações de encontros. Mais de 122 mil cidadãos russos terão fugido de zonas fronteiriças desde o início da incursão ucraniana. Eis os destaques do 909º. dia de guerra

O Kremlin alertou os moradores de Kursk para que não utilizem aplicações de encontros, devido aos riscos de espionagem, num momento em que prossegue a incursão da Ucrânia na região. O alerta foi dado por um porta-voz do ministro do Interior, que declarou: “É altamente desencorajado usar serviços de namoro online. O inimigo utiliza ativamente esses recursos para a recolha secreta de informações.”

Os avisos também foram emitidos para as regiões fronteiriças, ali próximas, de Bryansk e Belgorod. Foram ainda feitos apelos para que sejam desligados os sistemas de circuito fechado de televisão e as câmaras do painel dos carros, de forma a minimizar a recolha de informações. “O inimigo está a identificar massivamente endereços IP nos nossos territórios, e está a ligar-se remotamente a câmaras de vigilância através de vídeo desprotegidas; visualizam tudo, desde pátios privados até estradas e rodovias de importância estratégica”, acrescentou aquele porta-voz.

As novas medidas foram acompanhadas de uma ordem para que as tropas russas removessem todas as etiquetas de geolocalização e dados pessoais identificáveis ​​dos seus telemóveis, conta ainda o jornal “The Telegraph”.

Mais de 122 mil russos fugiram das regiões fronteiriças durante a invasão ucraniana de Kursk, revelou a agência russa TASS, citando o Ministério de Emergências da Rússia. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já tinha afirmado anteriormente que as suas forças capturaram 1250 quilómetros quadrados e 92 localidades na província de Kursk.

No entanto, os militares russos disseram nesta terça-feira que as suas forças frustraram tentativas de ataques ucranianos em quatro localidades na parte ocidental de Kursk e assumiram o controlo do que descreveram como o centro logístico estratégico de Nova Iorque, no leste da Ucrânia.

“As operações de reconhecimento e busca continuam a identificar e a destruir grupos de sabotagem inimigos em aglomerados de floresta que tentavam penetrar profundamente no território russo”, referiu o Ministério da Defesa em comunicado. Aviões de guerra russos também atacaram concentrações de mão-de-obra e equipamento ucraniano no lado ucraniano da fronteira, detalhou ainda Moscovo.

A confirmar-se, a captura de Nova Iorque marcaria outro avanço no esforço árduo de Moscovo para capturar toda a região de Donetsk, ao mesmo tempo que luta para pôr fim à incursão ucraniana de duas semanas na região de Kursk. Kiev ainda não confirmou que Nova Iorque caiu em mãos russas. O Estado-Maior da Ucrânia reconheceu que as tropas russas estavam a atacar perto de Nova Iorque, mas sintetizou que as forças ucranianas estavam a dar-lhes “um empurrão digno”.

Zelensky admitiu, contudo, que a situação era “difícil” na linha da frente do leste da Ucrânia, perto do centro logístico estratégico de Pokrovsk e também perto da cidade de Toretsk.

Outras notícias em destaques:

⇒ O Ministério da Defesa russo anunciou a criação dos agrupamentos militares Belgorod, Briansk e Kursk, para defender as regiões fronteiriças homónimas com a Ucrânia dos ataques em curso pelas forças de Kiev. A criação destas unidades foi revelada pelo Ministério da Defesa no final de uma reunião presidida pelo titular da pasta, Andrei Belousov. Os novos grupos vão defender os cidadãos de drones e outro tipo de ataques ucranianos.

⇒ O Parlamento ucraniano adotou um projeto de lei que prevê a proibição da Igreja Ortodoxa ligada ao Patriarcado de Moscovo, considerada sob influência do Kremlin. Em reação, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, denunciou a decisão do Parlamento ucraniano como uma estratégia que visa "destruir a ortodoxia canónica e verdadeira e trazer para o seu lugar uma substituta, uma falsa Igreja".

⇒ Parte dos lucros arrecadados na União Europeia a partir de bens congelados russos serão destinados à compra de munições para a Ucrânia devido à invasão russa, anunciou a República Checa, que ficará encarregue de tal aquisição. "A República Checa ganhou outra fonte significativa de fundos, que utilizará para financiar o fornecimento das tão necessárias munições de grande calibre à Ucrânia. Estas são as receitas dos fundos congelados nos países da União Europeia ao Banco Central da Rússia", indica o Governo checo em comunicado.

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