O agradecimento de Zelensky a Biden e a "retórica hostil" de Kamala Harris criticada pelo Kremlin: o resumo do 880º dia de guerra
Em dezembro de 2022, Volodymyr Zelensky discursou perante o Congresso dos EUA. Tinha atrás uma bandeira ucraniana erguida pela vice-presidente Kamala Harris e a então líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi
Mandel Ngan/AFP/Getty Images
Zelensky agradeceu ao Presidente dos Estados Unidos da América pelo "apoio inabalável à Ucrânia na luta pela liberdade". O porta-voz da Presidência da Rússia disse não estarem “surpreendidos” com a retirada de Joe Biden. "Não podemos avaliar a potencial candidatura de Harris (...) porque até agora a contribuição para as nossas relações não tem sido significativa. A retórica tem sido bastante hostil para com o nosso país", disse Dmitri Peskov
"Iremos sempre estar agradecidos pela liderança do presidente Biden. Ele apoiou-nos no momento mais dramático da História, apoiou-nos a evitar que Putin [presidente da Rússia] ocupasse o nosso país", escreveu Zelensky na rede social X.
Já a presidência russa reagiu ao anúncio de Joe Biden referindo faltarem quatro meses para as eleições, o que é "um longo período durante o qual muita coisa pode mudar". "Precisamos de estar atentos, de seguir o que vai acontecer", indicou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov ao site Life.ru.
O porta-voz da Presidência da Rússia criticou, ainda, a "retórica hostil" da vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, provável candidata do Partido Democrata às eleições presidenciais norte-americanas.
"Não podemos avaliar a potencial candidatura de Harris (...) porque até agora a contribuição para as nossas relações não tem sido significativa. A retórica tem sido bastante hostil para com o nosso país", disse Dmitri Peskov, porta-voz do Presidente russo Vladimir Putin.
"Honestamente, tudo o que aconteceu nos Estados Unidos nos últimos anos ensinou-nos a não sermos surpreendidos por nada. Por isso, não ficámos muito surpreendidos" com a retirada de Joe Biden, disse.
Peskov reiterou que para a Rússia, a prioridade era "acima de tudo" derrotar a Ucrânia. "O desenvolvimento das relações russo-americanas é importante, mas o principal é atingir os objetivos da operação militar especial", acrescentou o porta-voz, utilizando a expressão oficial da Rússia para descrever o ataque contra a Ucrânia.
Outras notícias que marcaram o dia:
⇒ A Rússia abateu esta madrugada 75 drones ucranianos, 47 dos quais na região de Rostov, no sul do país, num ataque que provocou um incêndio numa refinaria, segundo as autoridades locais. A Ucrânia assumiu a responsabilidade por um ataque com 'drones' a uma refinaria no sudoeste da Rússia. Uma fonte da defesa ucraniana afirmou que vários 'drones' atacaram a refinaria de Tuapse, uma cidade nas margens do Mar Negro, na região russa de Krasnodar (sudoeste), provocando um incêndio. "A extensão dos danos está a ser clarificada", disse a fonte ucraniana.
⇒ A Ucrânia elogiou, pela voz da vice-primeira-ministra Olga Stefanishina, a designada proposta de paz formulada na semana passada pelo ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson após reunir-se com Donald Trump, ex-presidente dos EUA. Num artigo de opinião publicado no diário Daily Mail, Johnson sugeriu a possibilidade de Trump levantar as restrições que os EUA continuam a impor a Kiev sobre a utilização de armamento norte-americano contra território da Rússia para forçar de seguida o Presidente russo, Vladimir Putin, a retirar-se de todas as zonas da Ucrânia ocupadas pela Rússia desde 24 de fevereiro de 2022. "Devemos apreciar a sua valentia porque manteve um encontro com Trump por iniciativa própria", disse a vice-primeira-ministra.
⇒ O Conselho da União Europeia (UE) renovou por mais seis meses as sanções às ações Rússia que desestabilizam a situação na Ucrânia, adotadas pela primeira vez em 2024 e alargadas desde a guerra, em fevereiro de 2022.
⇒ O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, vai visitar a China, o principal parceiro económico e diplomático da Rússia, de terça a quinta-feira, para discutir uma solução para a guerra. "O principal tema de discussão vai ser a procura de formas de travar a agressão russa e o papel da China na obtenção de uma paz duradoura e justa", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, em comunicado.