O “nazismo” voltou à Europa, dramatiza Zelensky no Parlamento francês: “Não temos o direito de perder”
Volodymyr Zelensky voltou a alertar para o perigo de a guerra se alastrar a outras geografias europeias, como os Bálticos, a Polónia, ou os Balcãs
Volodymyr Zelensky voltou a alertar para o perigo de a guerra se alastrar a outras geografias europeias, como os Bálticos, a Polónia, ou os Balcãs
Catarina Maldonado Vasconcelos
Jornalista
Na câmara baixa da Assembleia Nacional francesa, esta sexta-feira, Volodymyr Zelensky comparou a guerra em curso na Ucrânia com o que estava em causa durante a II Guerra Mundial. “Vivemos numa época em que a Europa já não é um continente de paz. As cidades são completamente destruídas. Mais uma vez, na Europa aparecem campos de prisioneiros, deportações e ódio. Há quem procure dividir a Europa. Dizem que esta ou aquela pessoa não merece existir.”
Segundo o Presidente ucraniano, o que hoje acontece no país do leste da Europa pode alastrar-se a outros Estados europeus. "Tudo isto atinge hoje a Ucrânia, mas amanhã poderá atingir outros países: os Bálticos, a Polónia, os Balcãs, e mais além. Este regime russo não conhece limites." Zelensky ilustrou o impacto da ação russa mencionando a destruição na Síria e a influência na região do Sahel, que caracteriza como tentativas de “enfraquecer os países”.
No seu discurso perante os parlamentares franceses, o líder ucraniano também aproveitou para firmar as diferenças entre o regime russo e o ucraniano, que hoje se aproxima a passos largos do Ocidente. "Vejam o que Putin está a fazer ao seu próprio país e ao seu povo. É um território onde a vida já não tem valor. Isto é o oposto de tudo a que aspiramos e dos nossos valores. É o oposto da liberdade, o oposto da igualdade e o oposto da fraternidade [os três valores invocados durante a Revolução Francesa]. É o oposto da Europa."
"Não temos o direito de perder", vincou Volodymyr Zelensky, tentando pressionar os seus aliados com uma comparação histórica que atormenta a Europa, sobretudo na semana em que se comemora o aniversário da Batalha da Normandia. "Esta guerra pode alastrar-se? Sim, como há 80 anos. Na década de 1930, Hitler cruzou todas as linhas vermelhas. Putin também o faz." O triunfo sobre a Alemanha nazi e o seu eixo de aliados, há oito décadas, motivou a dramatização: “Sem estas vitórias nada existiria, ninguém existiria, nem a Ucrânia nem a França. Nenhuma das nações livres existiria”.
Zelensky disse que a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, trouxe “o nazismo de volta” ao continente europeu. "Estamos a viver numa época em que a Europa já não é um continente de paz", concluiu.
Entre os aliados que encontrou na União Europeia e na NATO, França tem sido dos países mais expressivos no seu apoio e Macron um fiel escudeiro. Em Paris, o Presidente ucraniano teve a oportunidade de o reconhecer (e agradecer): "Obrigado, França, por não terem hesitado, e por terem escolhido o lado da humanidade nesta guerra da cultura e do direito internacional. Desde os primeiros dias, desde as primeiras horas deste ataque com que a Rússia tentou apagar 80 anos de Europa, sei que posso contar convosco".
O Presidente francês tinha anunciado nesta quinta-feira que a França vai enviar caças Dassault Mirage 2000-5 à Ucrânia. Emmanuel Macron também asseverou que os franceses vão começar a treinar pilotos ucranianos este verão, um treino que deverá demorar seis meses. Macron também se mostrou disponível para possibilitar o treino de 4500 soldados ucranianos.
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