No final de março, o Presidente da Ucrânia deslocou-se à cidade de Sumy, que esteve sob controlo russo durante todo o mês de março de 2022. Volodymyr Zelensky não foi lá visitar tropas na linha da frente, que já não existe, antes fortificações e linhas de defesa que os ucranianos estão a construir à volta desta e de outras cidades do nordeste, para o caso de os russos voltarem a tentar conquistar território nesta zona. Foi a partir dessa visita que a atenção mediática se voltou de novo para Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana. Com quase dois milhões de habitantes antes da guerra, esteve com os russos à porta a maior parte de 2022.
Em setembro desse ano, os ucranianos conseguiram impor a Moscovo uma pesadíssima derrota numa cidade e região quase totalmente russófonas. Todas as forças russas se que tinham instalado no distrito de Kharkiv retiraram-se para território russo internacionalmente reconhecido. Este, de qualquer forma, fica a apenas 30 quilómetros do centro da cidade.
Voltar a tentar tomar a cidade parece “um pouco surrealista” aos olhos do major-general Arnaut Moreira, especialista em geopolítica e autor de livros sobre estratégia militar, devido ao investimento em força humana e arsenal bélico que teria de ser mobilizado. Prevenir é sempre melhor do que andar atrás do prejuízo. “Zelensky foi a Sumy para mostrar um sistema defensivo, andou a mostrar um conjunto de fortificações, bunkers, etc. E não se constroi esse tipo de organização do terreno sem que haja a perceção de que possa haver ali uma ameaça”, começa por sublinhar numa conversa com o Expresso.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: afranca@impresa.pt