Guerra na Ucrânia

Putin implica Ucrânia em ataque, Kiev volta a ser atacada: resumo do 771.º dia de guerra

Putin implica Ucrânia em ataque, Kiev volta a ser atacada: resumo do 771.º dia de guerra
Gleb Garanich/REUTERS

Casa Branca voltou a afastar a Ucrânia do ataque, considerando as declarações do Kremlin como “propaganda”. Enquanto uma parte da Ucrânia continua a recuperar do grande ataque na sexta-feira em Kyiv, a cidade de Odessa também ficou sem energia devido a ataques aéreos russos.

Depois do fim de semana marcado pelo rescaldo do ataque terrorista em Moscovo, onde o mais recente balanço regista já 137 mortos, o Presidente russo veio esta segunda-feira atribuir a autoria do ataque a “radicais islâmicos”, mas fazendo questão de implicar o governo de Kiev no ataque à sala de concertos.

“Esta atrocidade pode ter sido apenas um capítulo na série de tentativas daqueles que, desde 2014, lutam contra o nosso país através do regime neonazi em Kiev”, afirmou Putin, mencionando o início da guerra no leste da Ucrânia após a anexação da Crimeia. A Ucrânia voltou a afastar quaisquer ligações ao ataque de sexta-feira e o próprio Estado Islâmico Khorasan, o ramo da organização jihadista na Ásia Central, reivindou o ataque por várias vezes.

Também a Casa Branca desmentiu uma potencial relação entre o governo ucraniano e o atentado, com o porta-voz da presidência norte-americana, John Kirby, a afirmar que as acusações de Putin são “apenas propaganda do Kremlin”.

Segundo avançou a agência Reuters esta segunda-feira, as autoridades russas detiveram mais três pessoas por ligações ao ataque, como uma “medida de prevenção”. A mesma agência deu conta que alguns dos atiradores acusados de estar no interior do Crocus City Hall, nos subúrbios de Moscovo, estiveram recentemente na Turquia para renovar o seu visto de residência na Rússia.

Na Ucrânia, o dia ficou marcado por mais uma barragem de ataques aéreos e a capital do país, Kiev, foi atacada pela terceira vez no espaço de cinco dias. Pelo menos dez pessoas ficaram feridas devido aos destroços dos mísseis russos, abatidos pela defesa antiaérea ucraniana, adiantou através das redes sociais o autarca da cidade, Vitali Klitschko.

O Presidente, Volodymyr Zelensky, sublinhou que os novos ataques são a mais recente prova de que a Ucrânia precisa de mais apoio militar do Ocidente.

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“Reiteramos que a Ucrânia precisa de mais sistemas de defesa antiaérea, que oferecem segurança às nossas cidades e salvam vidas. Todos nós que respeitamos e protegemos a vida temos de pôr fim a este terror”, disse Zelensky, numa publicação no Instagram.

O chefe da Administração Militar de Kiev, Serguei Popko, salientou que além do edifício não residencial danificado no distrito de Pechersk, fragmentos de mísseis causaram danos num edifício de vários pisos no distrito de Solomiansk. No bairro de Dniprovsk caíram também peças de foguetes, e no distrito de Darnitski foi afetado um estabelecimento não residencial.

Já na cidade portuária de Odessa, no sul do país, a população ficou parcialmente sem eletricidade durante a noite, após um ataque russo com drones Shahed à rede energética na região. O principal fornecedor de energia, a DTEK, apontou que "a situação da rede elétrica continua difícil, uma vez que as instalações de alta tensão não conseguem fornecer toda a energia de que a cidade necessita".

Mas a série de bombardeamentos na passada sexta-feira, em Kiev, uma das maiores do género desde o início da guerra e que fragilizou substancialmente as infraestruturas energéticas, continua a preocupar as autoridades que, agora, fazem contas aos estragos. Segundo contou o ministro da energia ucraniano German Galushchenko, citado pelo The Guardian, ainda não se sabe ao certo quanto custará o ataque russo, o governante estima que o valor alcance “milhares de milhões”.

Outras notícias

> Um míssil de cruzeiro russo sobrevoou a Polónia durante 39 segundos na madrugada de domingo. As autoridades polacas, que avançaram a informação, garantiram que vão “exigir explicações” a Moscovo por uma nova violação do seu espaço aéreo.

> O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, foi entrevistado por Christianne Amanpour, da CNN Internacional, e defendeu que “os europeus têm de assumir maior responsabilidade pela sua defesa", pedindo uma maior atenção ao orçamento para a defesa pelos Estados-membros da União Europeia.

> Segundo os dados do Estado-Maior-General das Forças Armadas Ucranianas, o número de russos mortos na guerra no país aumentou para mais de 437 mil, com 640 mortos nas últimas 24 horas. Tanto a Rússia como a Ucrânia têm apresentado números de baixas divergentes, mas os serviços de informação do Reino Unido referiram no início do mês que é provável que tenham morrido mais de 350 mil russos desde o início da guerra.

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