Kremlin acusado de tentar matar Zelensky: “Teríamos acertado”, responde Medvedev no dia 743 da guerra na Ucrânia
Anadolu
Ataque russo a um porto de Odessa passou a "500 metros" do local onde estavam o Presidente ucraniano e o primeiro-ministro da Grécia, denuncia Kiev. Kremlin nega a sugestão, e deixa alertas a Macron e à NATO: o exercício militar na Escandinávia está a contribuir para o “aumento da tensão”
Os mísseis russos que atingiram ontem o porto de Odessa passaram “muito perto” do local onde o presidente da Ucrânia e o primeiro-ministro grego faziam uma visita oficial à cidade.
A afirmação foi feita hoje por Kyriakos Mitsotakis, que teve de ser transportado de urgência para um aeroporto militar por questões de segurança. “Foi um momento intenso”, disse o chefe de governo da Grécia durante uma conferência em Bucareste, antes de garantir: “Não vamos ser intimidados pela Rússia.”
Pelo menos cinco pessoas morreram no ataque, muitas ficaram feridas, e Kiev “não exclui a possibilidade” de Zelensky ter sido o alvo da armada russa. “Foi a menos de 500 metros de nós”, sublinhou Ihor Zhovkva, diplomata ucraniana, em declarações à CNN. Os mísseis demoraram menos de três minutos a atingir território ucraniano, apontou, e por isso não foram interceptados.
Moscovo rejeita a acusação. “Tudo aqui é óbvio. Não houve nenhum ataque à comitiva [presidencial], e se houvesse um alvo definido teríamos acertado”, respondeu Dmitri Medvedev, ex-presidente russo e vice-presidente do Conselho de Segurança, citado pela agência TASS.
Stringer/Reuters
O risco de uma “guerra total”
Donald Tusk, recém eleito primeiro-ministro da Polónia, esteve na mesma conferência do seu homólogo grego. “Estamos a viver tempos novos, numa época de pré-guerra. Aliás, para alguns dos nossos irmãos, já não é tempo de pré-guerra. É uma guerra total na sua forma mais cruel”, afirmou no encontro do PPE, família europeia do centro-direita.
Houve mais alertas políticos durante esta quinta-feira. Maia Sandu, presidente da Moldova, alertou hoje que o seu seu país continua a ser desestabilizado por forças separatistas próximas do Kremlin. “Se o agressor não foi parado, ele vai continuar e a linha da frente vai aproximar-se. Aproximar-se de nós, e aproximar-se de vocês”, afirmou em Paris, durante um encontro oficial com Emmanuel Macron para assinar um acordo de cooperação militar entre os dois países.
O Kremlin deixou um aviso ao Presidente francês: está a aproximar-se demasiado da Ucrânia, sobretudo depois de o Presidente francês não ter excluído a entrada de tropas ocidentais no conflito.
“Ele está convencido de que vai derrotar o nosso país estrategicamente, e o envolvimento direto da França no conflito continua a aumentar”, apontou o porta-voz Dmitri Peskov.
CHRISTOPHE ENA
Outras notícias:
> Também um alto dirigente russo, Nikolai Patrushev, deixou avisos às forças ocidentais: o exercício militar que a NATO está a levar a cabo na Escandinávia, a poucos dias da entrada oficial da Suécia na aliança, pareceu um “ensaio para um conflito” com Moscovo e está a contribuir para o “aumento da tensão”. O teste da NATO dura até 14 de março.
> Num artigo citado pela agência RIA, o responsável pela academia militar russa afirmou que as probabilidades de o país entrar num novo conflito estão a aumentar “signficativamente”.
> Ao mesmo tempo, a China acusou os Estados Unidos de tentarem minar a relação entre Pequim e Moscovo. Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros, elogiou a “orientação estratégica” de Putin e de Xi Jinping para garantir um mundo “multipolar”. Além disso, lembrou que as relações comerciais entre os dois países atingiram um valor recorde no ano passado.