Kiev ataca a Crimeia com drones, Zelensky elogia programa de cereais, Rússia rejeita ultimatos: destaques do 739º dia de guerra
Manifestação solidária com a Ucrânia, em Cracóvia, na Polónia
Beata Zawrzel / NurPhoto / Getty Images
O Papa Francisco apelou, este domingo, ao desarmamento, mas a Ucrânia continua a pedir armas para se defender da Rússia. A duas semanas das eleições presidenciais na Federação Russa, a que se seguirá o 10º aniversário da anexação formal da Crimeia por parte da Rússia, Moscovo espera uma intensificação dos ataques ucranianos. Este domingo, as forças russas intercetaram 38 drones nos céus daquela província reclamada pela Ucrânia
“Deem armas à Ucrânia agora”, pediu, este domingo, a senhora na foto que ilustra este artigo. Trata-se de uma participante numa manifestação de solidariedade para com a Ucrânia que se realizou em Cracóvia, na Polónia.
A mensagem contraria o espírito da expressa, este domingo, no Vaticano, pelo Papa Francisco que considerou o desarmamento “um dever moral”. “Quantos recursos são desperdiçados em despesas militares, que infelizmente continuam a aumentar devido à situação atual!”, disse o líder da Igreja Católica, a partir da janela do Palácio Apostólico, apelando à comunidade internacional que ganhe coragem para gerar um clima de confiança que leve à pacificação de Gaza e da Ucrânia.
No terreno, a paz não desbrava caminho. Um dia após ser alvo de uma chuva de mísseis disparados por drones lançados pela Rússia, a Ucrânia respondeu na mesma moeda e, este domingo, enviou um enxame de aeronaves não tripulados na direção de território controlado pelos russos.
Segundo o Ministério da Defesa da Federação Russa, as baterias antiaéreas abateram 38 drones ucranianos nos céus da Crimeia, a península ucraniana que a Rússia invadiu e anexou formalmente em 2014.
Março quente na Rússia
As autoridades russas esperam uma intensificação dos ataques à medida que se aproxima o 10º aniversário da anexação da península, que se celebrará a 18 de março próximo, o dia seguinte às eleições presidenciais na Rússia, em que Vladimir Putin deverá ser reeleito.
Confrontada com a falta de munições de artilharia, Kiev está a recorrer a ‘drones’ de fabrico próprio para atingir a retaguarda russa, em particular fábricas de armas, refinarias e depósitos de combustível.
O simbolismo dos brinquedos em frente a um prédio de Odessa, atingido por fogo disparado pelos russos
Na Ucrânia analisam-se ainda os prejuízos do último ataque a Odessa, na sexta-feira passada, que atingiu um prédio residencial de nove andares (na foto). Este domingo, foram retirados dos escombros os cadáveres de uma mulher e de um bebé de oito meses, elevando para dez o número de mortos desse ataque.
Três das vítimas mortais eram crianças. “Marc, que nem sequer tinha três anos, Elizaveta, de oito meses, e Timothée, de quatro meses”, detalhou o Presidente ucraniano, nas redes sociais. “As crianças ucranianas são alvos.
Ucrânia mata a fome em África
Ao mesmo tempo que fala dos custos humanos da guerra, o governante ucraniano continua a apelar ao fornecimento urgente de munições, sistemas de defesa aérea e aviões a jato de combate para repelir o exército russo.
Zelensky procurou também demonstrar o papel positivo que a Ucrânia, mesmo em contexto de guerra, pode ter no mundo. Nas redes sociais, o ucraniano destacou o programa humanitário de fornecimento de cereais que “demonstra a dedicação da Ucrânia a ajudar os necessitados”.
O Presidente da Ucrânia destacou a entrega de 7665 toneladas de farinha de trigo ao Sudão e de 25 mil toneladas à Ucrânia.
A presença em Moscovo de Li Hui, representante do Governo chinês para Assuntos da Eurásia, com a missão de retomar as negociações internacionais sobre a iniciativa de paz de Pequim. A visita foi aproveitada pela Rússia para reafirmar a amizade com a China e mandar recados ao Ocidente.
“Os ultimatos apresentados à Rússia por Kiev e pelo Ocidente e os formatos de diálogo que os acompanham apenas prejudicam as perspetivas de um acordo e não podem servir de base para isso”, defendeu, este domingo, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa.
“Constatou-se que qualquer discussão sobre o acordo político-diplomático é impossível sem a participação da Rússia, tendo em conta os seus interesses no domínio da segurança.”