Guerra na Ucrânia

Mulher de Navalny quer Europa a investigar ligações financeiras de Putin com o Ocidente: as notícias que marcaram o 735º. dia de guerra

Yulia Navalnaya
Yulia Navalnaya
YVES HERMAN

A viúva do ativista Alexei Navalny declaou, perante o Parlamento Europeu, que “Putin é o líder de um gangue criminoso e organizado", com "envenenadores, assassinos e detentores do dinheiro da máfia”. Na mesma linha, von der Leyen defende que a UE deveria considerar usar os lucros dos ativos russos congelados para comprar equipamento militar para a Ucrânia. Eis as notícias que marcaram o dia

Yulia Navalnaya, mulher do líder da oposição russa Alexei Navalny - que há 12 dias morreu num estabelecimento prisional no Ártico -, apelou aos políticos e autoridades europeias que investiguem os movimentos financeiros no Ocidente ligados a Vladimir Putin e seus aliados. No Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Yulia Navalnaya foi recebida com uma ovação de pé, e aplicou palavras duras contra aqueles que são coniventes com o Kremlin. “Putin é o líder de um gangue criminoso e organizado, que contém envenenadores e assassinos. Mas eles são apenas fantoches. O mais importante são as pessoas próximas de Putin: os seus amigos, associados e detentores do dinheiro da máfia.”

A mulher de Navalny tentou, por isso, persuadir os líderes europeus a lutarem contra a rede organizada do Presidente russo. “A inovação política neste caso é aplicar métodos de combate ao crime organizado, e não aos adversários políticos. Não são as declarações de preocupação, mas a procura de associados da máfia nos vossos países, de advogados discretos e de financiadores que estejam a ajudar Putin e os seus amigos a esconder dinheiro.” Navalnaya voltou a acusar Putin de ter mandado matar Alexei Navalny, e prometeu continuar o trabalho do marido, tendo-se já reunido com o Presidente dos EUA, Joe Biden, na semana passada.

Após ter sido divulgada a data do funeral do ativista russo de 47 anos, Yulia Navalnaya também revelou apreensão quanto à cerimónia e à possibilidade de a polícia russa fazer detenções. O funeral do líder da oposição russa vai realizar-se nesta sexta-feira, em Moscovo, depois de vários locais se terem recusado a acolher a cerimónia, de acordo com a sua porta-voz. Kira Yarmysh adiantou que o enterro terá lugar numa igreja do distrito de Maryino, no sudeste de Moscovo, durante a tarde.

Também com a intenção de punir a Rússia pelas suas ações, a presidente da Comissão Europeia sugeriu que a União Europeia considere a utilização de lucros congelados de ativos russos para ajudar as Forças Armadas da Ucrânia. “É altura de iniciar um debate sobre a utilização dos lucros extraordinários dos ativos russos congelados para comprar, em conjunto, equipamento militar para a Ucrânia”, afirmou Ursula von der Leyen, perante o Parlamento Europeu. ”Não poderia haver símbolo mais forte e melhor uso para esse dinheiro do que tornar a Ucrânia e toda a Europa um lugar mais seguro para se viver", concluiu.

Depois de ter estado na Arábia Saudita, Zelensky seguiu para a Albánia, onde chegou nesta quarta-feira. O líder ucraniano participará na cimeira do sudeste da Europa, na capital albanesa, Tirana. Estarão presentes os representantes dos países dos Balcãs Ocidentais. Na agenda do Presidente da Ucrânia constam também reuniões bilaterais com os líderes daqueles Estados, conforme informou o seu gabinete. Kiev continua em busca de apoio internacional para um plano de paz delineado por Zelensky.

Outras notícias a destacar:

⇒ Pequim adiantou que um enviado chinês visitará a Ucrânia, a Rússia e países da UE ainda esta semana. O enviado da China para a Eurásia, Li Hui, vai conversar com os vários líderes envolvidos acerca da guerra de dois anos, segundo a agência de notícias France-Presse. A viagem constitui “a segunda ronda de esforços diplomáticos na busca de uma solução política para a crise da Ucrânia”, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em comunicado. Li também deverá deslocar-se a França, Alemanha e Polónia.

⇒ Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, participará num fórum diplomático na Turquia a partir de sexta-feira. Ancara mantém a proximidade a Moscovo, tendo já sido alvo de várias críticas de outras capitais ao longo da guerra na Ucrânia. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, disse que Lavrov se encontrará com o seu homólogo turco, Hakan Fidan, e com o porta-voz do Ministério turco, Oncu Keceli, durante o Fórum de Diplomacia de Antalya, no sul da Turquia.

⇒ A sentença de Orlov é uma tentativa de “silenciar” os críticos de Putin: a acusação foi feita pelo comitê que decide o vencedor do Prémio Nobel da Paz. O coletivo criticou a condenação do ativista pelos direitos humanos Oleg Orlov a uma pena de prisão, na Rússia. Orlov, de 70 anos, é um representante do grupo Memorial, que arrecadou o prémio Nobel em 2022. O ativista russo foi condenado a dois anos e meio de prisão por criticar a invasão da Ucrânia.

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