Rússia

Funeral de Alexei Navalny realiza-se esta sexta-feira em Moscovo

Funeral de Alexei Navalny realiza-se esta sexta-feira em Moscovo
NILS MEILVANG/ Getty Images

Depois das dificuldades expressas pela porta-voz Kira Yarmysh em encontrar um local para a cerimónia fúnebre do opositor russo foi anunciado que as exéquias decorrerão esta sexta-feira na capital russa. A viúva de Navalny diz não ter a certeza se o funeral “será pacífico ou se a polícia vai prender aqueles que vierem dizer adeus” ao marido

Funeral de Alexei Navalny realiza-se esta sexta-feira em Moscovo

Salomé Fernandes

Jornalista da secção internacional

O funeral de Alexei Navalny realiza-se esta sexta-feira em Moscovo, anunciou esta quarta-feira a sua porta-voz Kira Yarmysh na rede social X (antigo Twitter), escreveu a 'ABC News'. O dirigente da oposição, que ao longo de mais de uma década fez frente a Vladimir Putin, morreu no dia 16 na prisão, onde se encontrava sob acusações de fraude.

O funeral vai decorrer numa igreja no bairro de Maryino, sexta-feira à tarde, e o enterro acontecerá num cemitério próximo.

Yarmysh afirmara, terça-feira, que a procura de um local onde organizar uma despedida a Navalny estava a ser difícil. Agências funerárias privadas e públicas recusavam-se a realizar a cerimónia. Outros estabelecimentos alegavam, por exemplo, “que o local está completamente lotado” ou rejeitavam o pedido ao ouvirem “o apelido ‘Navalny’”.

A morte de Navalny foi anunciada a 16 de fevereiro. Os serviços prisionais russos afirmaram que ele “se sentiu mal depois de uma caminhada” e perdeu a consciência “quase imediatamente”. A prisão localizava-se a cerca de 60 quilómetros a norte do Círculo Polar Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos de prisão por “extremismo”.

Apesar da explicação apresentada pelos serviços prisionais, há líderes ocidentais a apontarem o dedo ao Presidente russo pelo sucedido. “Não se enganem, Putin é responsável pela morte de Navalny”, disse o Presidente dos EUA Joe Biden, citado pelo jornal ‘The Guardian’. O G7, conjunto das sete maiores potências mundiais, prestou homenagem a Navalny e à sua família, apelando a Moscovo para que "esclareça totalmente as circunstâncias que rodearam" a morte do opositor russo.

A assessoria de Navalny afirmou esta semana que pouco antes da sua morte estavam a decorrer negociações para uma troca de prisioneiros, noticiou a CNN internacional. Segundo Maria Pevtchikh, assessora do opositor russo, estava na “fase final” o processo que pretendia garantir a libertação de Navalny e de outros dois cidadãos americanos em troca de Vadim Krasikov, cidadão russo que cumpre uma pena perpétua na Alemanha por um homicídio em 2019.

“Não tenho a certeza se será pacífico ou se a polícia vai prender [quem vier]”, diz Yulia Navalnaya

Esta quarta-feira Yulia Navalnaya, viúva de Navalny, discursou numa sessão plenária do Parlamento Europeu onde apelou à responsabilização do Presidente russo e lamentou a normalização da guerra da Ucrânia.

“Demorámos uma semana a conseguir o corpo de Alexei e a organizar o funeral. Depois escolhi o cemitério e caixão. O funeral será depois de amanhã e ainda não tenho a certeza se será pacífico ou se a polícia vai prender aqueles que vierem dizer adeus ao meu marido”, disse Navalnaya.

Descrevendo que se passaram dois anos desde que Vladimir Putin iniciou “uma guerra brutal" contra a Ucrânia, a viúva de Navalny criticou o recurso a medidas que envolvem armas, dinheiro e sanções, que diz não estar a funcionar. “E o pior aconteceu: toda a gente se habituou à guerra. Aqui e ali as pessoas começam a dizer que vamos ter de chegar a um acordo com Putin de qualquer forma. E depois Putin matou o meu marido”, declarou Navalnaya, acrescentando que a morte de Navalny “mostrou a todos que Putin é capaz de tudo e que não se pode negociar com ele”.

No seu entender, o caminho para a derrota de Putin - que acusa de ser um “monstro sangrento” e “líder de um gangue criminoso organizado” - passa pela inovação e não por uma nova ronda de sanções. “Devemos lutar contra o gangue criminal e a inovação política aqui é aplicar a mensagem de luta contra o crime organizado e não competição política”, observou Yulia Navalnaya. Nesse sentido, afirmou que são necessárias investigações a mecanismos financeiros e uma procura pelos “associados da máfia” dos países da União Europeia, descrevendo que existem indivíduos a “ajudar Putin e os seus amigos a esconder dinheiro”.

Além disso, defendeu que há dezenas de milhares de russos que se opõem à guerra e a Putin, com quem é possível trabalhar. “Putin deve responder pelo que fez ao meu país, pelo que fez a um país vizinho pacífico, e por tudo o que fez a Alexei”, declarou.

Notícia atualizada às 12h44

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