O dia mais sombrio para a Rússia foi o início da guerra na Ucrânia, mas a morte de Navalny – expectável, e chocante, ao mesmo tempo – surge em segundo lugar, explica ao Expresso Jan Matti Dolbaum, investigador de Ciência Política na Universidade Ludwig Maximilian de Munique. Coautor (juntamente com Ben Noble e Morvan Lallouet) da obra “Navalny: o inimigo de Putin, o futuro da Rússia?”, Jan Matti lembra que o principal opositor do Presidente russo será lembrado pelo seu “exemplo e a sua capacidade de enfrentar condições terríveis, continuando a ser um homem bem-humorado”. Mesmo na prisão, nunca chegou a levar as autoridades a sério. “Gozava com elas.” E “isso é muito poderoso: ter alguém que nos domina fisicamente, sem desistir ou ceder ao controlo”.
O investigador, que lidera um grupo sobre mobilização e participação na Europa Oriental pós-soviética, acredita que Navalny morreu por ser um símbolo do desafio ao medo. No Kremlin temiam-no e continuam a temer mesmo após a morte. Nesta entrevista, reflete sobre o futuro da Rússia e confessa não imaginar qual poderá ser o gatilho para uma futura mudança de regime.
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