Exclusivo

Guerra na Ucrânia

Duas horas e sete minutos de microfone aberto: como Tucker Carlson transformou Putin num homem que se pode levar para uma negociação

Tucker Carlson
Tucker Carlson
Jason Koerner / Getty Images

Ninguém esperava de Tucker Carlson, jornalista caído em desgraça depois de até a republicana Fox News o ter despedido por considerar o seu estilo “alienador de quase toda a gente”, fizesse uma entrevista difícil a Vladimir Putin. O Kremlin já explicara que foi isso que levou o Presidente russo a aceitar o pedido de Carlson. Não falhou na pergunta sobre o jornalista americano preso em Moscovo, mas deixou passar muito revisionismo histórico. Sorridente, prestável e calmo, Putin quis fazer-se passar por alguém aberto ao diálogo

Duas horas e sete minutos de microfone aberto: como Tucker Carlson transformou Putin num homem que se pode levar para uma negociação

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Havia muito por onde explorar, mas Tucker Carlson nem sequer esmurrou o verniz da compostura de Vladimir Putin, que disse o que quis, como quis, levando o tempo todo que lhe pareceu necessário para envolver o público ocidental e, sobretudo, americano, potencialmente gigantesco, na visão-túnel que tem do mundo. Até esta quinta-feira, o último jornalista ocidental a entrevistar o Presidente russo tinha sido o então editor do “Financial Times”, Leonel Barber, corria o ano de 2019.

Na altura, em quase duas horas de entrevista, Barber conseguiu apanhar a ponta da linha que havia de se desenrolar até à invasão da Ucrânia em grande escala, em fevereiro de 2022: Putin não considerava a Ucrânia um Estado independente e o Ocidente não passava de um monte de democracias inquinadas por preocupações pífias como os direitos das minorias LGBTQ+.

Cinco anos após essa marcante conversa, Carlson teve oportunidade única entre jornalistas ocidentais para perguntar a Putin, por exemplo, se o Ocidente continua a parecer-lhe tão anémico como na altura, tendo encontrado forma de se unir, com poucos percalços pelo caminho, para ajudar a Ucrânia a montar uma resistência que impede, há 24 meses, a grande vitória sobre Kiev com que o líder russo terá sonhado. Sonhou com a vitória, mister Putin? Não sabemos.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: afranca@impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate