Prioridade da Ucrânia é “expulsar a Rússia dos céus”, Guterres alerta para “epidemia de impunidade”: o que marcou o 693.º dia de guerra
O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, com o homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, no Fórum Económico Mundial
FABRICE COFFRINI
No Fórum Económico Mundial, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia defendeu que “quem controlar os céus” irá determinar “quando e como termina a guerra”. Também em Davos, o secretário-geral das Nações Unidas lamentou que o mundo assista “impassível” à morte e ao sofrimento de civis. Na Rússia, vários agentes da polícia ficaram feridos após entrarem em confronto com milhares de manifestantes. Eis um resumo do essencial desta quarta-feira
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano apontou como objetivo para 2024 o controlo dos céus, mas avisou que derrotar Moscovo vai levar tempo e exige ajuda do Ocidente. “Em 2024, a prioridade é expulsar a Rússia dos céus, porque quem controlar os céus determina quando e como termina a guerra”, defendeu Dmytro Kuleba no Fórum Económico Mundial, que decorre em Davos, na Suíça.
No mesmo local, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico pressionou os governos ocidentais para que utilizem os 350 mil milhões de dólares de ativos russos congelados para ajudar a reconstruir a economia ucraniana. “Quando Putin lançou esta invasão ilegal, o mundo mudou e nós temos de mudar com ele e reconhecer que estamos num mundo mais perigoso, incerto e difícil. Devemos estar preparados para pensar de forma inovadora na utilização destes recursos para ajudar a Ucrânia”, apontou David Cameron.
Também em Davos, o secretário-geral das Nações Unidas considerou que a invasão russa da Ucrânia ou os conflitos em Gaza e no Sudão mostram que o mundo está a sofrer uma “epidemia de impunidade”. “O mundo assiste impassível à morte de civis, na sua maioria mulheres e crianças, que são mutilados, bombardeados, expulsos das suas casas e a quem é negado o acesso à ajuda humanitária”, lamentou António Guterres.
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, a discursar em Davos
Anadolu
Mais notícias que marcaram o dia:
⇒ A presidente da Comissão Europeia insistiu que, para apoiar as pretensões europeias da Ucrânia, é preciso acompanhá-las de financiamento adequado. “Estou orgulhosa pela maneira como a nossa União respondeu ao pedido da Ucrânia. Agora precisamos de dar continuação à decisão política que tomámos no Conselho Europeu [em dezembro de 2023]. Na preparação das negociações de adesão, estamos a começar o processo de triagem e a criar um quadro de negociação”, afirmou Ursula von der Leyen.
⇒ O presidente do Comité Militar da NATO apelou a “toda a sociedade” para que apoie a Ucrânia na luta pela sobrevivência e defesa da democracia. “A responsabilidade pela liberdade não recai apenas sobre os ombros dos que estão de uniforme”, disse Rob Bauer, no início de uma sessão de dois dias do órgão da Aliança Atlântica, em Bruxelas.
⇒ O Presidente da Polónia alertou que o potencial económico, populacional e militar de que a Rússia dispõe está “a esmagar” a Ucrânia, e apelou à comunidade internacional para que não cesse o apoio a Kiev. Para Andrzej Duda, o facto de a Ucrânia ainda hoje se defender da invasão russa, iniciada há quase dois anos, demonstra a “vontade extraordinária” da população ucraniana de sobreviver, mas também a importância do apoio internacional.
⇒ Senadores franceses afirmaram que França e os restantes países europeus “estão aquém das expectativas” da Ucrânia no fornecimento de munições de que o país precisa urgentemente, exortando os aliados de Kiev a aumentar a produção.
⇒ O exército ucraniano pediu nesta quarta-feira aos residentes das cidades próximas da fronteira norte com a Rússia para abandonarem os locais o mais rapidamente possível, a fim de evitar vítimas civis devido aos constantes disparos russos. “Todos os civis devem compreender que estar na fronteira com a Rússia é perigoso”, notou o tenente-general Sergei Naev, numa mensagem dirigida aos residentes das regiões de Sumy e Chernobyl.
⇒ A Rússia está a desenvolver as relações com a Coreia do Norte em “todos os domínios”, indicou o porta-voz do Kremlin. “A República Popular Democrática da Coreia é o nosso parceiro mais importante e estamos empenhados no desenvolvimento das nossas relações em todos os domínios, incluindo nos domínios sensíveis”, declarou Dmitry Peskov.
⇒ Vários agentes da polícia russa ficaram feridos após entrarem em confronto com milhares de manifestantes que protestavam contra a condenação a quatro anos de prisão de um opositor numa região dos Urais, de acordo com uma comissão de investigação.
⇒ A Rússia condenou um sargento das Forças Armadas da Ucrânia a 25 anos de prisão, por “assassínio de civis” na região de Donetsk, anexada em setembro de 2022. Aleksander Kuzmenko cumprirá a sentença numa colónia penal de alta segurança.
⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, vai deslocar-se a Nova Iorque entre 22 e 24 de janeiro para participar nos debates do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre os conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia, informou a porta-voz, Maria Zakharova.
⇒ A Rússia anunciou que alvejou na terça-feira um edifício que albergava “mercenários franceses”, destacados em Kharkiv, provocando mais de 60 mortos e 20 feridos. Também em Kharkiv, mísseis russos atingiram edifícios de apartamentos e um centro médico, causando 17 feridos.
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