Alguns analistas chamam-lhe a versão russa da NATO, mas até esse reduto que era garantia de segurança e unidade para a Federação Russa pode estar ameaçado. Conscientes do fracasso militar russo na Ucrânia, os parceiros da Organização do Tratado de Segurança Coletiva já fazem críticas à Rússia publicamente, e têm, de acordo com os investigadores, preocupações crescentes quanto à capacidade efetiva do país liderado por Putin de os proteger. Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão eram alguns dos aliados restantes da Rússia, depois de o mundo ocidental lhe ter virado as costas, a partir de fevereiro do ano passado. Com os cinco países, antigos integrantes da União Soviética, a Rússia ainda mantém estreitos laços culturais, históricos, militares e económicos, mas as relações já não são inabaláveis como em tempos pareciam ser.
À medida que a Aliança Atlântica se expande para países tradicionalmente neutros, como a Finlândia e mais recentemente a Suécia, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva fragiliza-se. A Rússia, cada vez mais rodeada por potências da NATO, começa a ser questionada por antigos Estados satélite. “Atualmente há uma profunda deceção da Arménia em relação à Organização do Tratado de Segurança Coletiva”, diz ao Expresso Evhen Tsybulenko, jurista estónio de ascendência ucraniana e professor de Direito Internacional na Universidade de Tecnologia de Talin e na Universidade Internacional de Kiev.
Na órbita autoritária da Rússia, a Arménia ainda tem um caminho pela frente para conquistar a independência pós-soviética, e conta com uma difícil localização geográfica. A sul, faz fronteira com o Irão, cujas relações com o Ocidente permanecem tensas, e, a norte, surge a Geórgia, cujo povo é maioritariamente a favor de uma rápida integração na UE e na NATO, mas cujo Governo mantém uma relação ambígua com a Rússia. Em setembro, a Arménia pediu ajuda à Organização do Tratado de Segurança Coletiva, durante os confrontos na fronteira com o Azerbaijão. A aliança ofereceu uma resposta limitada: o envio do seu secretário-geral e a formação de um grupo de trabalho. O primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, classificou como "deprimente" o apoio prestado e afirmou que era “extremamente prejudicial à imagem da Organização” na Arménia e no estrangeiro.
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