Guerra na Ucrânia

Universidade de Coimbra despede responsável do Centro de Estudos Russos por defender invasão na Ucrânia

Universidade de Coimbra despede responsável do Centro de Estudos Russos por defender invasão na Ucrânia
Richard Baker/Getty

Ativistas acusam Universidade de Coimbra de ser “um espaço para transmitir a propaganda imperial russa e a cultura que criou a Rússia moderna”

A Universidade de Coimbra (UC) despediu o responsável pelo Centro de Estudos Russos, Vladimir Pliassov, acusado de desenvolver naquela universidade propaganda pró-Putin e a favor da invasão da Ucrânia. A informação foi avançada pelo reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, à Renascença, e confirmada pelo Expresso.

O Centro de Estudos servia, atualmente, para o “ensino exclusivo de língua e literatura russas”. A UC adianta, num comunicado enviado ao Expresso, que “ao verificar que as atividades letivas do referido Centro de Estudos Russos estariam a extravasar esse âmbito, a Reitoria determinou a cessação imediata do vínculo com o Professor Vladimir Pliassov”.

Na origem das acusações está um artigo de opinião de dois ativistas ucranianos com ligações à Universidade de Coimbra, publicado no Observador e no Jornal Proença. Nesse artigo, os autores, Viacheslav Medvediev e Olga Filipova, alegam que a instituição é “um espaço para transmitir a propaganda imperial russa e a cultura que criou a Rússia moderna”.

"A gravidade da situação obriga-me a fazê-lo [despedimento]. A contratação, ou melhor, a existência de um contrato com a Universidade de Coimbra não foi feita com o meu conhecimento. Assim que tomei conta do que se estava a passar dei indicações para a rescisão do contrato e, portanto, o contrato nesta hora deve estar rescindido”, disse o reitor.

No artigo, os ativistas escrevem que “Pliassov tem sido (e talvez continue a ser) o primeiro e principal representante da Fundação Russkiy Mir em Portugal”. Esta fundação foi criada por Vladimir Putin, tendo apoiado a criação de centros de estudos russos em Portugal, nomeadamente o da UC. “Com a invasão russa da Ucrânia, a UC cessou o vínculo com a Fundação Russkyi Mir”, diz a instituição.

Até dezembro de 2021, a Fundação Russkyi Mir apoiava o ensino de língua e cultura russas no Centro de Estudos Russos da Faculdade de Letras. Após o fim da ligação contratual, “em respeito pelo povo e pela cultura da Rússia”, o Centro de Estudos Russos foi mantido em funcionamento, com recursos próprios da UC.

Vladimir Pliassov pertencia ao departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da academia. De acordo com as acusações, o professor promovia artigos académicos com denominações geográficas da Ucrânia de acordo com a visão russa e a utilização de símbolos conotados com a invasão do território ucraniano, como a “fita de São Jorge”. Esta fita — de três riscas pretas e duas riscas cor de laranja — é um símbolo proibido na Ucrânia, Letónia, Lituânia, Moldávia, Geórgia e alguns estados alemães e, desde 2014, é utilizada como símbolo de tropas e manifestantes pró-russos.

Notícia atualizada às 16h50

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