Universidade de Coimbra despede responsável do Centro de Estudos Russos por defender invasão na Ucrânia
Ativistas acusam Universidade de Coimbra de ser “um espaço para transmitir a propaganda imperial russa e a cultura que criou a Rússia moderna”
Ativistas acusam Universidade de Coimbra de ser “um espaço para transmitir a propaganda imperial russa e a cultura que criou a Rússia moderna”
A Universidade de Coimbra (UC) despediu o responsável pelo Centro de Estudos Russos, Vladimir Pliassov, acusado de desenvolver naquela universidade propaganda pró-Putin e a favor da invasão da Ucrânia. A informação foi avançada pelo reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, à Renascença, e confirmada pelo Expresso.
O Centro de Estudos servia, atualmente, para o “ensino exclusivo de língua e literatura russas”. A UC adianta, num comunicado enviado ao Expresso, que “ao verificar que as atividades letivas do referido Centro de Estudos Russos estariam a extravasar esse âmbito, a Reitoria determinou a cessação imediata do vínculo com o Professor Vladimir Pliassov”.
Na origem das acusações está um artigo de opinião de dois ativistas ucranianos com ligações à Universidade de Coimbra, publicado no Observador e no Jornal Proença. Nesse artigo, os autores, Viacheslav Medvediev e Olga Filipova, alegam que a instituição é “um espaço para transmitir a propaganda imperial russa e a cultura que criou a Rússia moderna”.
"A gravidade da situação obriga-me a fazê-lo [despedimento]. A contratação, ou melhor, a existência de um contrato com a Universidade de Coimbra não foi feita com o meu conhecimento. Assim que tomei conta do que se estava a passar dei indicações para a rescisão do contrato e, portanto, o contrato nesta hora deve estar rescindido”, disse o reitor.
No artigo, os ativistas escrevem que “Pliassov tem sido (e talvez continue a ser) o primeiro e principal representante da Fundação Russkiy Mir em Portugal”. Esta fundação foi criada por Vladimir Putin, tendo apoiado a criação de centros de estudos russos em Portugal, nomeadamente o da UC. “Com a invasão russa da Ucrânia, a UC cessou o vínculo com a Fundação Russkyi Mir”, diz a instituição.
Até dezembro de 2021, a Fundação Russkyi Mir apoiava o ensino de língua e cultura russas no Centro de Estudos Russos da Faculdade de Letras. Após o fim da ligação contratual, “em respeito pelo povo e pela cultura da Rússia”, o Centro de Estudos Russos foi mantido em funcionamento, com recursos próprios da UC.
Vladimir Pliassov pertencia ao departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da academia. De acordo com as acusações, o professor promovia artigos académicos com denominações geográficas da Ucrânia de acordo com a visão russa e a utilização de símbolos conotados com a invasão do território ucraniano, como a “fita de São Jorge”. Esta fita — de três riscas pretas e duas riscas cor de laranja — é um símbolo proibido na Ucrânia, Letónia, Lituânia, Moldávia, Geórgia e alguns estados alemães e, desde 2014, é utilizada como símbolo de tropas e manifestantes pró-russos.
Notícia atualizada às 16h50
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