Exclusivo

Guerra na Ucrânia

O tabuleiro geopolítico da Guerra na Ucrânia: “Tenho conversas com pessoas no Pentágono e elas só dizem 'China, China, China', não 'Rússia'”

Vladimir Putin e Xi Jinping
Vladimir Putin e Xi Jinping
ALEXEI DRUZHININ

Quem quiser perceber qual é a maior pedra no sapato dos EUA deverá olhar para o Indo-Pacífico, onde uma China insatisfeita por não ter visto a sua neutralidade valorizada soma motivos para manter os norte-americanos empenhados com a causa ucraniana. Kelly Grieco, investigadora do Reimagining US Grand Strategy Program do think tank Stimson Center, aponta que o mais provável é que não venha a dar-se uma vitória decisiva para qualquer um dos lados nesta guerra. Moscovo acabará por ter de ser travada pela paz armada europeia, à medida que os EUA se concentram na ameaça chinesa: E são precisamente estas duas potências, que mantêm uma relação dúbia, que se encontram esta semana em Moscovo

A Rússia está “estrategicamente” a perder a Guerra na Ucrânia: no final do conflito, não terá conseguido remover o Governo de Kiev, o que se configurava como o principal objetivo. Mas a Ucrânia também não verá uma vitória decisiva, podendo até ter de abdicar da Crimeia e de outros territórios capturados por Moscovo. É o que defende Kelly Grieco, investigadora na área de Defesa e Segurança do Reimagining US Grand Strategy Program no think tank Stimson Center. Nesta entrevista com o Expresso, a perita em estratégia e política de Defesa dos EUA, segurança internacional e alianças militares descreve os desafios que os países da NATO enfrentarão nos próximos anos, colocando a tónica não na Rússia mas na China, reconhecida como “ameaça número um” pelos EUA. Esta semana, Xi Jinping e Vladimir Putin vão discutir em Moscovo o plano de solução pacífica na Ucrânia e, de acordo com Kelly Grieco, será mesmo a China a potência que guarda razões ocultas para prolongar a guerra e que reúne capacidade para surpreender o Ocidente

Como descreveria a relação entre Pequim e Moscovo neste momento?
É complicada.

Mas é uma relação perigosa para a Ucrânia?
É uma relação que a Ucrânia deve analisar cuidadosamente. O mesmo se aplica ao Ocidente. Por um lado, temos a parceria estratégica com a China, mas, durante a guerra, isso não foi correspondido com ações. Algumas das queixas que emergiram em Washington em relação à China obscureceram essa realidade. Tem havido alguma cautela por parte de Pequim, que, por exemplo, oficialmente não enviou ainda armas à Rússia. Em algumas das suas declarações, Pequim também condenou, de alguma forma, a ação militar russa. Não o fez diretamente, mas fê-lo vagamente. Mas, se analisarmos além da superfície, percebemos que a China continuou a apoiar a Rússia. O "POLITICO" conduziu uma investigação acerca das trocas comerciais e conseguimos ver que alguns componentes do equipamento militar têm sido fornecidos a Moscovo por empresas chinesas. As secretas ocidentais também têm alertado que Pequim pode tentar fornecer equipamento militar à Rússia.

Penso que este é um momento importante para a Ucrânia, porque Zelensky deve encontrar-se com Xi Jinping. Nesse encontro, o principal objetivo de Zelensky será tentar persuadir a China a não assegurar assistência militar à Rússia.

Artigo Exclusivo para assinantes

Assine já por apenas 1,63€ por semana.

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas