A Rússia está “estrategicamente” a perder a Guerra na Ucrânia: no final do conflito, não terá conseguido remover o Governo de Kiev, o que se configurava como o principal objetivo. Mas a Ucrânia também não verá uma vitória decisiva, podendo até ter de abdicar da Crimeia e de outros territórios capturados por Moscovo. É o que defende Kelly Grieco, investigadora na área de Defesa e Segurança do Reimagining US Grand Strategy Program no think tank Stimson Center. Nesta entrevista com o Expresso, a perita em estratégia e política de Defesa dos EUA, segurança internacional e alianças militares descreve os desafios que os países da NATO enfrentarão nos próximos anos, colocando a tónica não na Rússia mas na China, reconhecida como “ameaça número um” pelos EUA. Esta semana, Xi Jinping e Vladimir Putin vão discutir em Moscovo o plano de solução pacífica na Ucrânia e, de acordo com Kelly Grieco, será mesmo a China a potência que guarda razões ocultas para prolongar a guerra e que reúne capacidade para surpreender o Ocidente
Como descreveria a relação entre Pequim e Moscovo neste momento?
É complicada.
Mas é uma relação perigosa para a Ucrânia?
É uma relação que a Ucrânia deve analisar cuidadosamente. O mesmo se aplica ao Ocidente. Por um lado, temos a parceria estratégica com a China, mas, durante a guerra, isso não foi correspondido com ações. Algumas das queixas que emergiram em Washington em relação à China obscureceram essa realidade. Tem havido alguma cautela por parte de Pequim, que, por exemplo, oficialmente não enviou ainda armas à Rússia. Em algumas das suas declarações, Pequim também condenou, de alguma forma, a ação militar russa. Não o fez diretamente, mas fê-lo vagamente. Mas, se analisarmos além da superfície, percebemos que a China continuou a apoiar a Rússia. O "POLITICO" conduziu uma investigação acerca das trocas comerciais e conseguimos ver que alguns componentes do equipamento militar têm sido fornecidos a Moscovo por empresas chinesas. As secretas ocidentais também têm alertado que Pequim pode tentar fornecer equipamento militar à Rússia.
Penso que este é um momento importante para a Ucrânia, porque Zelensky deve encontrar-se com Xi Jinping. Nesse encontro, o principal objetivo de Zelensky será tentar persuadir a China a não assegurar assistência militar à Rússia.
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